EM ESTADO DE PODER FALECER

A Oposição exercida pelos blogues bem alerta o naturalmente preocupado-consigo-mesmo Povo português que a incúria grassa e todo o show de governar se confina à propaganda oca sobre coisa nenhuma ou o avulso e o espectacular como regra, uma vez que o Estado de Direito vai aviltado e o Regime apodrece adiantado. Se se sabe que a longa mão selectiva do Poder de muitas e magníficas maneiras bloqueia e arruina um indivíduo apenas porque se lhe opõe escrevendo, conforme tantos casos que se vão conhecendo neste cinzento e mal frequentado Portugal, que respeito haveria de merecer ao mesmo Poder a sustentabilidade das universidades portuguesas comparativamente ao grande fogo de artifício de um TGV ou à glória de mais uma autoestrada supérflua e até ambiental, arqueológica e culturalmente criminosa?! As prioridades estão invertidas, «habituem-se!». Tudo está invertido, «habituem-se!». O invertido tomou conta dos destinos gerais portugueses e inverter está na ordem do dia português, «habituem-se!». Já sabemos que o leitor passa fome, que não tem rendimentos e os poucos que tinha viu cortados através de manobras sórdidas dos burocratas da SS, «habitue-se à miséria e em passo de corrida!». Já sabemos que lhe retiraram sornamente a hipótese de um emprego e fizeram-no prolongadamente e já sabemos que veio o Fisco por sobre tudo isso e estrangulou-o a si até à falência completa enquanto indivíduo e enquanto família. Já está habituado. Já aprendeu que o Longo País Tenebroso da Bufaria nunca poderia acabar. Só poderia adquirir a perfeição de meios e ainda mais a perfeição de finalidades. Mais PS. Só PS. Acima de Portugal, PS. Parabéns! O leitor condensa em si mesmo a obra magna de uma Legislatura Prodigiosa que aliás está consumada. Parabéns pela sua miséria para a qual foi destinado e encaminhado com prestimosa eficiência burocrática. Bem-vindo a Portugal, ao Paraíso* Câncionítico-Socratesco. Paraíso Pittanistico, se quiser. Também pode optar por falecer mais cedo, se não aguentar a pressão. O País* irá falecer logo a seguir: «As universidades portuguesas correm o risco de não ter dinheiro para pagar os salários até ao final do ano, alertam os reitores numa carta enviada ao ministro do Ensino Superior, José Mariano Gago.»
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* Os lucros da Galp cresceram. Os lucros da EDP cresceram. Os lucros da Banca cresceram. Os Bónus dos CEO cresceram. Os lucros cresceram. Os Lucros cresceram. Os Lucros cresceram. Os Lucros cresceram. Os Lucros cresceram. Os Lucros cresceram. Há menos País, mas os Lucros cresceram. Menos vida e menos verdade, mas os Lucros cresceram. Menos justiça e menos cidadania, mas os Lucros cresceram. Menos liberdade e mais medo, mas os Lucros cresceram. Menos Oposição das Oposições, mas os Lucros cresceram. Mais Poder Absoluto, Desrespeito Absoluto, Sem-Vergonha Absoluta, mas os Lucros cresceram. Mais perseguição por delito de opinião, mas os Lucros cresceram. É tudo uma questão de Lucros. Os Lucros não podem ter moralidade nem decência nem ética nem sentido humanitário. Aliás, está visto, vão no sentido inverso da miséria das pessoas.

Comments

Anonymous said…
Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.

Manuel Alegre
"tudo se cria nada se perde tudo se
transforma"...assim para uns receberem lucros outros somam prejuízos"

Abraço para a resistente clarividência de Joshuaquim.
Blondewithaphd said…
Such bitterness my dear Josh...

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