O DILEMA AFLITIVO DO PS

É agora muito mais claro por que motivo o PS de Vitalino tem obstaculizado o mais possível qualquer progresso em matéria de criminização do enriquecimento ilícito. E também por que aparece hoje a mostrar a 'abertura' que ontem não mostrou. Percebe-se também com maior clareza por que o PS procurou ver-se livre da seriedade das propostas de Cravinho e do próprio Cravinho, com um arremedo de lei anti-corrupção inócua que serve mais bem como insecticida que como um articulado dissuasor e punitivo. Que razões então para esta dilemática aflição do PS? Porque, com tal lei aprovada a sério, a sua base de apoio, em dinheiro e almas, rarefar-se-ia drasticamente. E porque muitos (muitos!) autarcas, hoje abusivamente ricos e amostras do perfil rasteiro de um País nas suas reles expectativas e verdadeira natureza aclamativa da esperteza abusiva, diz-se de Olhão a Braga, teriam de enfrentar finalmente as barbas da Justiça, como Isaltino e outros. E se a Justiça os não lava, como temos visto, lava-os a exposição mediática que é a única Cruz que esses vampiros procuram evitar, uma vez que a Justiça se tornou uma extensão viciada da Política por anos e anos de moldagem legislativa a um perfil ultragarantístico e ultrabloqueador de verdadeira e efectiva justiça. Por outras palavras, talvez, com tal lei, o PS acabasse. E acabasse porque quando muitos analistas falam do PS na verdade estão a falar exclusivamente em enriquecimento ilícito, sobretudo nas autarquias, mas não só. Sentem que não há mais nada para falar. Neste ponto, gosto muito de ouvir as sugestões fiscalistas a medo de Saldanha Sanches. Não sei é se o que ele tem a dizer conta para o planeta, vale alguma coisa ou sequer se o levam a sério. Parece que não: «O porta-voz do PS disse hoje que os socialistas estão disponíveis para discutir propostas relativas à criminalização do enriquecimento ilícito, mas lembrou que é preciso garantir o princípio da presunção de inocência.Vitalino Canas reagiu assim às intenções anunciadas pelos líderes do PSD e do PCP no sentido de avançarem com iniciativas legislativas que prevêem a criminalização do enriquecimento ilícito.»

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