UM PUTO. UM ÍDOLO. UMA FOTOGRAFIA

Nunca irei esquecer o patético da cena. Num momento informal da Cimeira, o Puto aproximou-se do grupo onde pontificava o norte-americano e, sorrindo e saudando, pousou a mão sobre o seu ombro. Era somente um Puto a salivar por fotografia com o ídolo e que não pensava em mais nada. Por uns breves segundos de cumplicidade ante o flash. Talvez o fraco inglês mais não permitisse que breves segundos suspensos. Talvez não houvesse assunto. Talvez as centrais de inteligência do americano o prevenissem que aquele Puto era exactamente o contrário do «That's my man, Lula!» e a vergonha íntima e superficial do Puto no fundo se somasse à sua tripla pequenez, de estadista, de homem, de português. Talvez fosse apenas um frisson de fã, mijando-se muito em nervoso miudinho ante aquele deus planetário cuja presença só se tolera por segundos antes de um desmaio certo. O Puto não sabia. Mas foi sorrindo muito que ele e o seu ídolo visaram a máquina fotográfica previamente avisada, que logo disparou, e se separaram. Depois de ter brincado, na luso-parvalheira, ao pequeno Bush português, do lado corporativista rançoso e plutocrático fisco-despenalizador de se ser Bush, agora o Puto achava o Obama ambiental e social o máximo.

Comments

Joaninha said…
OLha adooorei, genial critica sim senhor :)

Se todos criticassem assim ninguém se zangava por ser criticado.

beijos

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