IMPUNIDADES: O 'REVOLUCIONÁRIO' EURICO CORVACHO

«Coronel Eurico Corvacho durante a conferência de Imprensa
em que anunciou a existência do Exército de Libertação português»
«O meu Pai foi uma das vítimas de Corvacho, e da sua inventona. Foi preso no dia 12 de Março, na sede da sua empresa, onde permaneceu, apesar de ter sido avisado que iria ser detido, porque não tinha razões para fugir. Viu os seus bens congelados, a empresa ocupada, a casa de família atacada por bandos armados. Sofreu as tais sevícias que os corajosos carcereiros sempre negaram, que lhe deixaram marcas físicas e psicológicas para o resto da vida. A família foi alvo de tentativas de extorsão por parte de militares, que prometiam a sua libertação a troco de dinheiro. Em Junho de 1975, centenas de trabalhadores da sua empresa, a Molaflex, manifestaram-se junto ao Quartel-General, exigindo a sua libertação. A manifestação foi reprimida, e o meu Pai foi transferido, em segredo, para Caxias, sem que a família tenha sabido, durante semanas, do seu paradeiro. Nunca foi acusado de nada, certamente porque nunca nada fez, e foi libertado em Novembro desse ano por Pires Veloso, esse sim um militar exemplar. Entretanto, Corvacho fora substituído porque o Conselho da Revolução sabia que a população do Porto já não tolerava os seus desmandos, que tinham estado na origem de uma manifestação do PS. Passou à reserva em Novembro de 1975, e logo se converteu às virtudes do capitalismo. Iniciou um rentável negócio transitário com Angola, em que foi sócio de Rosa Coutinho, que tinha bons conhecimentos nesse país. Nunca foi detido, ou sequer acusado pelos factos que ficaram provados. Não sei se algum dia se arrependeu. Ainda assim, que Deus lhe perdoe. Nós não esqueceremos.» Rui Moreira

Comments

João Pedro said…
Testemunho impressionante. Homens como Corvacho são apelidados de "militares de Abril", "combatentes pela liberdade", etc, por uma data de lunáticos mas pelos métodos que usavam, não eram piores que a PIDE.
Anonymous said…
Portugal, actualmente, necessita de 100 Corvachos, 200 Rosa Coutinho, 500 Otelos, 1000 Vasco Gonçalves, para por na ordem todos aqueles que levaram Portugal para onde se encontra agora. Digam o nome de um deles que tem as benesses de Dias Loureiro e quejandos.

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