PHTHIRIUS PUBIS — NARRATIVAS DE CASERNA

«  Este ano o Phthirius pubis, de Lineu, atacou mais cedo e em força. – Comentava o tenente-médico, numa linguagem propositadamente erudita e bem-humorada que gostava de usar nestas ocasiões. Bem anafado de carnes e banhas, enfiado numa bata mal vestida e desabotoada, este clínico, um simpático bonacheirão para quem o conhecia de perto, punha na voz um volume e um timbre que deixava aterrados os pobres soldados. O cabo-enfermeiro que o acompanhava nestas inspecções também se divertia com o espectáculo. Dirigindo-se a um dos magalas, de pernas peludas, bem afastadas, deixando ver a vermelhidão da zona pélvica, o nosso tenente-médico exclamava num tom de voz que enchia a caserna:   Estás cheio de chatos, sacana de merda! Tens-te coçado que nem um sarnoso e não dizias nada, meu bandido. Por que é que não foste já à enfermaria tratar essa merda?» A. M. Galopim de Carvalho

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