PASSOS, OS BURROS E A BOCETA DE CRISTAL

Ao fim do dia, chega-se à conclusão de que Passos, no Parlamento, se mentiu, não mentiu porque quis, mas porque, no momento, não sabia mais ou, internamente, não foi libertada a informação capaz de clarificar de uma vez por todas a questão do duplo recebimento das portagens por parte da Lusoponte. O essencial já tinha sido dito, redito e reexplicado: o reembolso virá a ocorrer à posterior após conclusão do novo acordo de reequilíbrio financeiro entre o Estado e a Lusoponte. Estar de boa fé, estar limpo, é quanto se pede a um PM e Passos até peca por excesso, pagando, inocente, pelo obsceno pecador posto a salvo das próprias malfeitorias. É milhões de vezes preferível um Passos perdido na secretaria à ratice devastadora e rapace, despesista e repleta de procedimentos irregulares com que o consulado socratino escaqueirou Portugal, por aqui e por ali, e com dolo dadas as consequências que agora muito nos pesam. No entanto, o parisiense tinha a sua boceta de cristal: podia pintar e bordar, que a legião de sabujos e gajas eleitoras, com redobrada lubrificação à sua passagem, o defenderiam de toda a peta optimística metida e de toda a laracha irrealista por ele cavada. Agora os burros do País encarniçam-se sobre quem tem a tarefa de colar os cacos nacionais, o que é o mundo ao contrário num País de burros, mil vezes burros.

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