ANTES DO RESGATE E DEPOIS

Portugal está sob resgate. Nada, a não ser menos avidez de facção, menos desonestidade e exclusividade do Poder, e menos abuso despesista em devido tempo, nos dispensaria da intervenção externa. Tarde interveio o então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, finalmente corajoso, em contacto com banqueiros e jornalistas, ao demonstrar a perfídia da resistência socratesiana em recusar o pedido de empréstimo e por ser, ele próprio, irresponsável esbanjador dos recursos públicos e do dinheiro dos contribuintes, introduzindo o País no desastre, por mais que o PEC IV fosse aprovado. Os socratistas nunca federaram a confiança e nunca acumularam credibilidade interna e externa. Ainda hoje choram sobre leite derramado, ocultando a gestão danosa do Estado, toda a espécie de oportunismos PPP, negócios ruinosos e a inconsciência e insensibilidade em face do cidadão. O desastre tem assinatura, vivemo-lo agora, pois as contas que derrapam, os juros que se pagam, as dificuldades económicas, a debandada de tantos e tantas, o contexto adverso ao investimento, a incerta situação implosiva espanhola, quase nada concorre para que recuperemos com passo firme e sob certezas certas. Agora há um Governo com um problema monstruoso entre mãos, sem saber se volta aos mercados ou não em 2013, agarrado aos subsídios sine die e travando as pré-reformas. Antes do resgate havia um Governo que mentia infinitamente aos portugueses, traía infinitamente os portugueses com o escárnio sorridente da Mentira e dos negócios para benefício pessoal, basta ver a alegria dos cartões e de outros estragemas de gasto como princípio de vida e começo de toda a forma de controlar. Antes do resgate, a Mentira considerava-se eficaz com uma convicção assassina. Depois do resgate temos um Governo que mente desastrosa, amadora, talvez desesperadamente. É difícil compreender por que regressou de repente o paradigma da Treta lá, onde pensávamos que a Verdade, pura, dura e cruel, viera para ficar.

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