UMA PAREDE, APÓS COLOSSAL TSUNAMI DE BOCAS

Até que nos digam de que modo as medidas apresentadas pela Troyka-Governo serão alvo da prometida modelação, percebe-se bem que os bons resultados da execução do programa de ajustamento assim como a excelente rápida recuperação da nossa credibilidade internacional não foram suficientes para nos libertar do garrote que nos suspende. Seguro, aparecendo ontem como um volátil radical esquerdóide ao seguir o velho teleponto de espectáculo retórico que fazia de Sócrates o grande Fantoche pré-fabricado do Nada, acabou por fazer a vontade aos que internamente o picam, apostados no pior possível para Portugal e sobretudo apostados, porque apeados e mal-fodidos, na queda de um Governo intimado [como todo o País] pela Troyka à transferência de uma parte dos salários dos trabalhadores do privado para a tesouraria das empresas. Seguro tem bom íntimo. Basta-lhe um pequenino esforço de honestidade para assentir em negociar tudo isto em permanência. Porque não há outro caminho à nossa emergência senão negociar, negociar, negociar: qualquer negaça de ruptura será uma sentença de homologação à anedótica tragédia grega no panorama internacional com custos acrescidos aos mais vulneráveis. A raiva de Soares e da Sua Balsâmica Pessoa Egocêntrica pelo que a sua Radiosa Fundação possa perder, cega-o e contagia de pindérico-patético toda a Esquerda Parasita e Despesista. O mundo, porém, está-se a cagar para homens porta-moedas, homens-tio-patinhas como Soares. Em todo o caso, Paulo Portas, uma vez que não ocupa o lugar do morto neste Governo, fará bem em fundamentar em troca de quê se aceitará uma redução da TSU tão brutal, na verdade uma subida de impostos contra todas as expectativas. Insista-se nisto: não na forma, mas no poder tácito-implícito de impor, a Troyka, isto é, o FMI, a Comissão Europeia e o BCE, não exercem legítima chantagem credora apenas sobre o Governo Passos. Exerce-a igualmente sobre os deputados do PS ou do CDS, evidenciando quais as alternativas desastrosas à imposturice das rupturas para inglês ver. Não. Eles, os homens da Troyka, estão mandatados para comprimir a incompetência, imaturidade e desmemória do PS: elogiado externamente e execrado internamente, este Governo de Portugal passa bem incólume aos instintos pirómanos e radicais com que este PS procurará lavar as mãos do radicalismo reformista da Troyka. Falhando tudo, ninguém sai ileso. Nem Cavaco. Repare-se que é precisamente a ala mais daninha e rapace do PS que mais atrito e entraves suscita à superação da Parede a que nos conduziu, insistindo, apesar da gravidade e urgência do País, em pronunciamentos de ruptura ou talvez agora pela sonsa e retardatária fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional. Curioso como não passamos da cepa torta graças a bloqueios constitucionais e aos dinossauros do chupismo. 

Comments

floribundus said…
a afundação boxexas devia levar a ponta dum corno
Vasco said…
Este governo padece duma vantagem que Sócrates,chico esperto, implementou com sucesso: uma ´central de informação´. Além de estar rodeados de bons acessores. Com Sócrates nunca iguais medidas às enunciadas por Passos Coelho teriam o impacto negativo que estas tiveram. O seu staff havia de arranjar maneira de parecer que agora é que era, que finalmente corríamos com a troyca e que a UE ainda nos ficava a dever dinheiro.
Vasco
Supônhamos said…
Cem vezes muito bem.
Esta gente não tem um átomo de decoro.
É a política da terra queimada. O quanto pior melhor.
Cumprimentos.

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