DEPOIS DA PASSEATA, A BRUEGA

Vai ser lindo. Temos mostrado, e vamos continuar a mostrar, a doçura do protesto português, um protesto meigo, requintado, subtil, repleto de poetas, cantores e músicos, sorrisos e beijos e abraços, como se nos reencontrássemos Povo, Unidos, Olhos nos Olhos pela primeira vez na vida. E isto vicia. O mundo observar-nos-á, deleitado, e terá um elogio à flor da pele: «Que pacientes! Mas é que não partem um vidro!», para inveja espanhola e grega, com o seu estigma de brutos. Nós somos diferentes: quando estamos que nem podemos, quando o sofrimento transborda, enchemos a revolução de rotineiro, de flores e de amor. Nada mais natural, para nós, senão que a Revolução seja um Piquenique! No final, entre o cansaço e a bruega, diremos uns aos outros «Que lindo que foi! Éramos prá aí quinhentos mil, pá!»

Comments

Anonymous said…
Ás vezes penso que o povo Português tem o sistema que merece.Ou quer mudar as coisas e devia partir para a acção,o que não faz,ou então não consegue e tem aquilo que lhe é indicado.Lapidar....
Grego said…
Qualquer sistema político democtatico é, para o bem e para o mal, o espelho do povo. Pode ser o pior, mas há-de ser sempre o pior...à excepção de todos os outros!

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