SEGURO ESFAQUEIA PORTUGAL PELAS COSTAS

António José Seguro, quando sucedeste à linha crápula e autoritária que esse teu Partido bajulava, tive esperança que, contigo, o Partido Socialista passaria a construir pontes em vez de se perder numa luta onanista pelo Poder. Não era preciso chegarmos à [e terminarmos a] discussão do Orçamento de Estado para 2013, para percebermos que o País se manteve impassível ao voluntarismo Passos-Gaspar e nenhum partido, por mais votado que seja, trará sozinho o País para o realismo, a sustentabilidade e a transparência das suas contas. Quinze anos socialistas [dois de interregno barrosista e santanista não limparam o Aparelho de Estado das lógicas cumulativas socialistas que hoje nos danam], com lixos amiguistas, colonização infrene do mesmo Aparelho de Estado, desorçamentações sucessivas, gatos escondidos com o rabo de fora, não se desarmadilham nem se resolvem num ano nem talvez numa década.
Assinado o Memorando, após quase um ano e meio, um terço da presente legislatura, era inevitável que o desemprego crescesse muito acima do previsto pelos deuses, pelas troykas e os assessores do Governo Passos, que os mais jovens e qualificados emigrassem ainda mais, que as dívidas e as insolvências, o crédito malparado das famílias e das empresas aumentasse. Qual destas coisas seria de esperar milagrosamente diversa e invertida, António José? Há sinais positivos, mas a recessão económica tende a seguir como está e talvez a agravar-se apenas porque é preciso pagar o que o Estado deve e pagar o que o Estado deve, mesmo com este volume de impostos, parece de todo impossível. O que fazer? Tu não queres fazer nada. A herança socialista é colossal para o País. Mas o PS inventou que ano e meio de Governo Apaga-Fogos é que é o supremo responsável por tudo, por quanta malfeitoria se perpetrou no passado. O desvio colossal de 2011 exigiu sucessivos PEC, cada qual mais gravoso que o outro. Os desvios de 2012 e de 2013 prendem-se em larga medida com o venenoso serviço da dívida acordada, nos seus juros, pelo Governo Sócrates. Por isso, o défice resiste e a consolidação real das contas públicas não dá o braço a torcer. Estamos muito melhor do que há um ano atrás: no défice da balança comercial; no acesso aos mercados. É preciso abrir os olhos para o que constituem sinais de recuperação e dinamismo económico. A 5.ª avaliação da Troyka impôs a Portugal novas medidas de austeridade: este Orçamento de Estado para 2013 é a última tentativa de equidade nos sacrifícios, de ética na austeridade. Não são os mais pobres dos pobres que são atacados, mas uma classe até aqui intocada de subvencionados que nunca concebeu renegociações e alterações no panorama contributivo: alguém duvida que o que move Bagão Félix, Ferreira Leite e Mário Soares são dores pessoais pelo que este Governo ousou fazer?! As classes médias e os trabalhadores vêm sendo depauperados desde há meia dúzia de anos: a actual razia fiscal, se existe, é para debelar um incêndio de proporções duplamente catastróficas se for deixado à sua sorte como pretende o PS. O PS governou a seu bel-prazer transformando a prestação de contas e a transparência democrática uma caricatura tosca. É preciso juntar as mãos numa refundação do acordo com a Troyka, ver, em diálogo, como substituir aumento de impostos por cortes realistas e necessários na despesa pública. Se o PS quer preservar as sagradas funções sociais do Estado, diga, António José, o que faria em lugar do Governo Passos. O PS fez o que quis para que chegássemos aqui. A única forma de humanizar a austeridade não é esperar o impossível e adiado das instituições europeias e internacionais. É agir por nossa conta. Explica-nos como, António José, podes explorar as margens de alteração de prazos, de juros, de metas?! Com a coragem dos Gregos? Com a frontalidade dos Gregos, com a verdade do João Molotov Galamba? É capitulando que se defende o interesse nacional, contando com o ovo no cu da galinha das instituições europeias e mundiais? Isso é fantasia e mais do mesmo modo às arrecuas de o PS fazer política. Se há uma fatalidade que é pagar, pague-se com realismo. Também tu, António José, justificas a nossa Crise com a crise das dívidas soberanas ditada por uma crise financeira internacional e pelas insuficiências do euro?! E a parte em que o Governo PS era mais autoestradas e TGV e Novo Aeroporto e Parque Chular e dinheiro atirado às empresas que financiavam o PS?! O PS fez o mal. Mas hoje põe-se convenientemente ao lado das justas manifestações de protesto e indignação, contra a ameaça populista com que alguns, na rua, na comunicação social, na internet, olham para o Sistema Político Português, um Sistema que pariu um partido cínico, que enriqueceu largamente enquanto partido: nesta conjuntura é possível demolir os Partidos do Governo e o Partido do Problema e da tergiversação, do assobiar para o lado, chamado PS. Os verdadeiros democratas não podem ser cínicos nem hipócritas. Achas que tens mais alguma coisa a dar ao País que um não ao momento, António José?!

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