CRUZ, MARTÍRIO E RESSURREIÇÃO DE PASSOS

Ponto prévio, Passos já assume a derrota nas próximas autárquicas. Inédito. Basta isso para libertar algum vapor acumulado na grande panela de pressão nacional, feita de resistência à mudança, imbecilidade analítica, e de um certo desespero acomodatício dada a dependência esmagadora do Estado para qualquer coisa com que fomos mal-habituados pelo socialismo ronhoso. As próximas décadas pedem o contrário de não arriscar, o contrário de não ousar uma nova Índia. Passos diz que não tem medo das eleições, de quaisquer eleições? Ainda bem. Isto significa que não será demagógico, facilitista, para ganhá-las, ao contrário de Rui Rio, que não resiste ao populismo com a treta da baixa do IMI em 10%, facada que dá à inflexibilidade fiscal do Governo. Porém, os sinais económicos não podem desmaiar indefinidamente. Assim que algum bom indicador apareça, Passos ressurgirá para ser julgado pelos vivos e os mortos da economia que restar. Portugal tem sido vítima de equívocos intervencionistas, tal como a Grécia o tem sido, a julgar pelo mais recente mea culpa do FMI. Mas o que se passa connosco concretamente Povo e Estado, se formos ao fundo da questão que só a nós diz respeito, é como o que se passa numa família hoje com menos dinheiro para viver e mais dívidas para pagar: o pai quer continuar a fumar. A mãe quer continuar a beber bom Whisky às escondidas para esconder fracassos e uma indisponibilidade sexual atroz, para não falar na perda do caminho mais curto para um orgasmo. Os filhos querem continuar a comer chocotates e gomas em vez de fruta. O Partido Socialista quer continuar a prometer o Paraíso. Mudar, reformar atitudes e harmonizar a realidade com as possibilidades? Isso é que não.

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