TEATRO NACIONAL S. JOÃO, HOTEL RELENTO

Deambulei, esta manhã, pelo meu Porto.
Senti-me só, imensa e infinitamente só.
Nada do que sou, hoje, é acerto.
Nada é passível de compreensão.
Tornei-me inflamado e apaixonado nas palavras
porventura por quem as não merece como escudo.
Tornei-me vulcânico, vulgar e invulgar e escandaloso,
sem ganhar absolutamente nada com isso.

Há quem se afaste de mim e duvide da minha sanidade.
Há quem me ostracize e estigmatize afastando-me de si,
e me não ofereça o dom do recomeço.
Mas eu sei, Pai, sei que há sempre um recanto para mim.
Há sempre um lugar de escondimento.
Um reduto de liberdade e de desoprimência,
o lugar do meu desinvestimento de tudo
e de todos.

Esse lugar existe.
Está preparado para mim.
É proporcional à desistência total.
Quem não se encaixa neste mundo
não pode continuar nele, não é verdade?!

Com efeito, são dez horas da manhã.
Vou continuar a dormir exactamente aqui
porque aqui é que se está bem.

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