TAMBÉM TENHO SAUDADES E MAIS

Última Ceia, Giotto.
1. Não escondo. Não nego. Tenho saudades da minha actividade quotidiana no meu blogue. Para mim, fará sempre sentido escrever num registo menos aforístico e com mais fôlego, quer trabalhando matérias literárias que me apaixonam, quer intervindo, com carácter e vigor, na construção de um País Arejado e Viável. O que determina que não escreva ou o faça muito raramente são dificuldades pragmáticas, prosaicas, que ainda não pude resolver e que se agudizaram para mim a partir de 2012. Tenho fome de escrever. Tenho ânsia de regressar às lides apaixonantes da nossa vida pública portuguesa.

2. A Fé, mergulhar nos Evangelhos, é uma das mais preciosas fontes de Alegria e Integridade. Está lá tudo o que precisamos ser, tudo o que devemos ser para que Deus seja Tudo em nós. O meu sonho de menino é ser exactamente aquele Discípulo Amado, João, que reclina a sua cabeça no amantíssimo peito do Senhor. O Senhor vem. Vigiemos e oremos para que as nossas almotolias da Compaixão e do Amor fundamentados na Fé se não esvaziem. Tudo o mais é poeira. Tudo passa. É preciso amar.

3. José Sócrates que, com a malignidade consabida, capturou uma tóxica atenção mediática por demasiado tempo e por tempo de mais dominou praticamente todos os cordelinhos do Poder, enquanto foi Poder, está final e naturalmente preso, enjaulado com toda a tardia naturalidade. Mesmo preso, estrebucha insolentemente contra os magistrados que lhe autopsiam a gula, o suborno, o acúmulo criminoso de dinheiros comissionista-subornistas, a vida faustosa desproporcionada com os rendimentos, e lhe imputam, por isso mesmo, variados crimes enquanto titular de cargo público. A cada aparição pública, os advogados mostram-se patéticos, igualmente insolentes, ostentando um deles a pose mais javarda que a TV alguma vez já exibiu. Sem surpresa, Vetusto Soares surge, a espaços, bandarilhando a Justiça, personalizando a bandarilha em Carlos Alexandre e Rosário Teixeira, pressionando-os, intimidando-os, perseguindo-os, numa obscena intrusão que radiografa todo um modus operandi com décadas. Nos media, defendem-lhe a toada raivosa os mesmos do costume: Miguel Sousa Tavares, Daniel Oliveira, Nicolau Santos e Pedro Marques Lopes: é muita a poeira e a desfaçatez em defender o indefensável, obnubilando tudo o mais que se sabe. E tudo o mais é insuportável, explicando em boa parte a Derrocada 2011. Defendem-no com a converseta-manobra de diversão da presunção de inocência como se a vasta e densíssima informação de que dispomos fosse Zero, como se não lêssemos as notícias da imprensa escrita e não ouvíssemos nem víssemos as do audiovisual, como se os grossos escândalos em torno de Sócrates e do PS, desde 1974, não fossem esmagadores, como se um negro historial de impunidade entre políticos e banqueiros não tivesse medrado no Regime, consolidando-se nele medonhamente, como se nos últimos quarenta anos o puro desprezo pela vida das pessoas e o saque ao Estado não tivessem sido o que sabemos, Governo após Governo, mormente os socialistas, incapazes de zelar pelo Futuro porque inteiramente devotados ao devorismo do Presente. Pois enquanto houver Miguel Sousa Tavares, Daniel Oliveira, Nicolau Santos e Pedro Marques Lopes, que defendam o refugo da vida pública e advoguem a escória da práxis política, haverá sempre imensa matéria contra que lutar. O combate continua. É o meu combate. É o teu, leitor. Também se combate a querer saber, a descortinar a verdade.

Comments

Anonymous said…
Deve ser reconfortante, ter uma ideia fixa.
Anonymous said…
Até que enfim ...aplaudo o seu regress.....
francisco said…
Magnífico texto, Joaquim. Abraço.
Me parece que foi boato.
Para mentiroso, e mais o resto, chega o que foi apreciar as ruínas do templo de Diana, e ficou por lá.
Vou tentando...
joshua said…
«Foi boato», David?

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