VOU!
Desde Outubro de 2012 ao dia presente, pastei mal e mal apascentei uma vida digna, tendo-me ela, a vida, feito confluir a crise pessoal de rendimento com a crise nacional de insolvência e desequilíbrio macroeconómico, entretanto vencida ou numa clara trajectória de superação. Crato cortou nos custos, emagreceu o Ministério da Educação pelo lado mais tenro — o pessoal docente periférico e descartável —, e eu sofri as naturais consequências como, julga-se, outros trinta mil. É muita gente de uma vez chutada pela biqueira de aço da Troyka e do Equilíbrio-Orçamental-a-quanto-obrigas, Maria de Lurdes Rodrigues por outros meios. Tudo bem. Fiquei sem rede. Estava sem rede. Continuo sem rede. Tenho concorrido anualmente e conservo um fiozinho de esperança em, finalmente, ter escola. É uma réstia de nada para 2015-2016. Se, pelo terceiro ano consecutivo, não tiver escola, não obtiver um horário anual, conforme me sucedia até 2012, vou! Vou para fora. Saio de Portugal. Viro costas. Reinicio. E seja o que Deus quiser. Destino já o tenho. E já decidi.
De 2012 até ao presente, contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que me vi obrigado a solicitar dinheiro a conhecidos e a amigos: uns 5€ ou 10€, em situações-limite. Constato que, em cinco dedos, só dois foram capazes desse tipo de generosidade metálica pontual. Um mais, outro menos, mas capazes. Os outros três, não. De todo. Se tudo correr bem, tenciono reembolsar desses trocos quer os amigos e conhecidos que me valeram e me não faltaram pontualmente, quer aqueles que não foram capazes, antes se afastaram de mim, após tantas vezes entabularem conversa comigo em chat, numa iniciativa unilateral e recorrente que sempre soube acolher. Pedir dinheiro humilha. Recusar dar avilta e vulgariza o avaro porque tudo passa, todos morremos: encher o coração de Amor e generosidade é imensamente mais desafiante e gratificante que encher os cofres de ouro, conforme no pós-morte se verá.
Passaram quase três anos. Fiz escolhas. Aguardei melhores dias. Intervim publicamente com o meu máximo satyrico, contundente e criativo, atento aos factos, lendo a realidade nacional. Enganei-me na minha crença pura em Luís Filipe Menezes. Sondei uma hipótese brasileira de vida. Adiada. Tive sempre esperança no meu País. Confiei no núcleo macroeconómico, cerne das políticas da Coligação PSD-CDS-PP; tal como entre 2005 a 2011, continuei a sentir-me tapado, boicotado, tolhido pelo poder dos empregadores de clientelas do Regime com força bloqueadora sobre os que escrevem de mais e lutam de mais contra tal poder pardo no Regime. Combati o sarro corrupto e mentiroso dos velhos rendeiros, dos velhos chupistas, portugueses à parte, na sua casta excepcional e intocável, os proenças, os salgalhados, os sócrates, os soares, o diabo que os carregue; bati-me contra as ideologias-fóssil da miséria, das venezuelas sem cerveja nem papel higiénico, dos syrizas dos multibancos raccionados, da fome e do esmagamento económico por inércia e inacção deliberadas à maneira varoufakisiana, combati o Acordo Mortográfico, Merdográfico. Mas já não suporto mais a minha situação de desemprego, as dificuldades pessoais e familiares de liquidez, a penhora perpétua que o BES inventou para a minha vida, nem suporto sobretudo o ostracismo-exclusão-morte social que representa para mim, como para milhões de outros seres humanos, uma tal situação prolongada. De 1995 a 2012 ensinei — tal como de 1985 a 2005 catequizei —, pensei, escrevi, inseminei paixão por Portugal, pela Cultura e Literatura Portuguesas, lutei pela Fé, pelo Cristianismo Constitutivo da Alma Nacional, hoje Insipidez Cultural e Miséria Identitária, Sordidez Mediática.
Cá, não me chovem convites para nada nem coisa nenhuma, a não ser petas, burlas, charlas, escravidões, submissões. Cá, não me abordam para oportunidades pequenas, médias ou grandes. Cá, não há absolutamente merda nenhuma para mim, estou a ver. O quê?! Deveria procurar mais?! E como é que só de fora do País me chega uma, válida, em três anos?! Pois para mim chega. Chega disto. O Beco Nacional faz-me mal.
Vou!
Se tiver mesmo de ir, vou!
De 2012 até ao presente, contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que me vi obrigado a solicitar dinheiro a conhecidos e a amigos: uns 5€ ou 10€, em situações-limite. Constato que, em cinco dedos, só dois foram capazes desse tipo de generosidade metálica pontual. Um mais, outro menos, mas capazes. Os outros três, não. De todo. Se tudo correr bem, tenciono reembolsar desses trocos quer os amigos e conhecidos que me valeram e me não faltaram pontualmente, quer aqueles que não foram capazes, antes se afastaram de mim, após tantas vezes entabularem conversa comigo em chat, numa iniciativa unilateral e recorrente que sempre soube acolher. Pedir dinheiro humilha. Recusar dar avilta e vulgariza o avaro porque tudo passa, todos morremos: encher o coração de Amor e generosidade é imensamente mais desafiante e gratificante que encher os cofres de ouro, conforme no pós-morte se verá.
Passaram quase três anos. Fiz escolhas. Aguardei melhores dias. Intervim publicamente com o meu máximo satyrico, contundente e criativo, atento aos factos, lendo a realidade nacional. Enganei-me na minha crença pura em Luís Filipe Menezes. Sondei uma hipótese brasileira de vida. Adiada. Tive sempre esperança no meu País. Confiei no núcleo macroeconómico, cerne das políticas da Coligação PSD-CDS-PP; tal como entre 2005 a 2011, continuei a sentir-me tapado, boicotado, tolhido pelo poder dos empregadores de clientelas do Regime com força bloqueadora sobre os que escrevem de mais e lutam de mais contra tal poder pardo no Regime. Combati o sarro corrupto e mentiroso dos velhos rendeiros, dos velhos chupistas, portugueses à parte, na sua casta excepcional e intocável, os proenças, os salgalhados, os sócrates, os soares, o diabo que os carregue; bati-me contra as ideologias-fóssil da miséria, das venezuelas sem cerveja nem papel higiénico, dos syrizas dos multibancos raccionados, da fome e do esmagamento económico por inércia e inacção deliberadas à maneira varoufakisiana, combati o Acordo Mortográfico, Merdográfico. Mas já não suporto mais a minha situação de desemprego, as dificuldades pessoais e familiares de liquidez, a penhora perpétua que o BES inventou para a minha vida, nem suporto sobretudo o ostracismo-exclusão-morte social que representa para mim, como para milhões de outros seres humanos, uma tal situação prolongada. De 1995 a 2012 ensinei — tal como de 1985 a 2005 catequizei —, pensei, escrevi, inseminei paixão por Portugal, pela Cultura e Literatura Portuguesas, lutei pela Fé, pelo Cristianismo Constitutivo da Alma Nacional, hoje Insipidez Cultural e Miséria Identitária, Sordidez Mediática.
Cá, não me chovem convites para nada nem coisa nenhuma, a não ser petas, burlas, charlas, escravidões, submissões. Cá, não me abordam para oportunidades pequenas, médias ou grandes. Cá, não há absolutamente merda nenhuma para mim, estou a ver. O quê?! Deveria procurar mais?! E como é que só de fora do País me chega uma, válida, em três anos?! Pois para mim chega. Chega disto. O Beco Nacional faz-me mal.
Vou!
Se tiver mesmo de ir, vou!
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