NO TEATRO DO PALAIS ROYAL

Uma noite, no teatro do Palais Royal,
viste num camarote de boca,
Arnoux junto de uma mulher. Era ela?
O cortinado de tafetá verde,
puxado no rebordo do camarote,
ocultava-lhe o rosto.

Por fim o pano subiu;
o cortinado foi corrido.
Era uma pessoa alta,
de cerca de trinta anos, gasta,
e cujos lábios grossos descobriam,
ao rir, dentes esplêndidos.
Conversava familiarmente com Arnoux
e batia-lhe com o leque nos dedos.

Depois uma jovem loira,
de pálpebras um pouco vermelhas
como se estivesse estado a chorar,
sentou-se entre eles.
Arnoux passou a estar meio inclinado sobre o seu ombro,
dirigindo-lhe palavras que ela ouvia sem responder.

Esforçavas-te por descobrir a condição destas mulheres,
com modestos vestidos sombrios e golas abatidas.

No fim do espectáculo,
precipitaste-te para os corredores.
A multidão enchia-os.
Arnoux, à sua frente, descia a escada,
degrau a degrau,
dando o braço às duas mulheres.

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