AQUILINO RIBEIRO OBRIGATÓRIO


Aquilino não estorva.
Mesmo no Panteão Nacional,
essa casa demasiado vazia ainda,
de ossos e de méritos,
não estorva.
A minha leitura de ele foi SABOROSÍSSIMA!
«Terras do Demo» encheu-me as medidas.
Se tivermos Aquilino e todos os outros bons escritores,
no panteão íntimo das nossas leituras havidas e perferidas, ganhamos.
Temos de nos apaixonar por tudo o que é culturalmente gerado em português
e os regionalismos em Aquilino têm sabor,
as suas personagens devolvem-nos o ancestral timbre português duro e insubmisso,
têm ninho, não são passado,
são ADN constitutivo
e fundações do futuro.
lkj
Ver Aquilino ausente dos manuais escolares
é uma afronta à Língua Portuguesa enquanto Liter-Arte-ra,
que alguns querem translúcida e sem mistério
como uma notícia, mas que só pode ser densa e misteriosa,
colocando desafios permanentes a espíritos inquietos, inquisitivos
e inconformados. Num tempo em que, como diz o João Gonçalves,
no plano político, deixou de haver homens para haver rebanhos, é preciso
que as inteligências aprendam no sofrimento de não entender
por não nos encontrarmos no plano do óbvio, mas no do puzzle.
lkj
Ver rejeitado um bom escritor, como Aquilino,

ou postumamente politizada a sua obra
por conta de um putativo colaboracionismo regicida
ou mesmo por uma questão de gosto, coisa subjectiva,
ou mesmo por pedantaria Vasco Pulido Valente e quejandos,
à margem da obra escrita e do conjunto de vida,
é para mim como arrancar um rim saudável
para o dar de refeição a cães famintos.

Comments

damularussa said…
Bem dito, pior que famintos, sarnentos.

Gostei de ler-te.

Cumprimentos

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