LOBO SÓCRATES E O CORDEIRO POPULAR PORTUGUÊS

Depois de ler esta análise holística do João Gonçalves a uma espécie de périplo pela árida 'intimidade' do ferocíssimo sr. Sócrates, matéria embevecida urdida pela Notícias Magazine, resolvi que tinha de recontar a Fábula de Jean de La Fontaine, O Lobo e o Cordeiro: O cordeiro popular português bebia água no córrego de um trecho de terreno inclinado, quando avistou o lobo Pinto de Sousa que fazia a mesma coisa um pouco mais acima. O pequeno animal bem que tentou esconder-se atrás de uma moita, mas, antes que pudesse fazê-lo, a fera também o avistou e como ela estava cansada e irritada com a fome de reeleição para satisfação da voracidade clientelar que lhe fazia doer o estômago insaciável, perguntou com cara de poucos amigos: «Como é que te atreves a sujar a água governativa que estou a beber?» E o cordeiro popular português respondeu: «Senhor lobo Pinto de Sousa, eu não estou a sujar nada, porque como a água governativa, anunciativa, bildeberguiana, recibo-verdiana, oligopolista, enganosa vem daí para cá, não é possível que isso aconteça.» Mas o lobo Pinto de Sousa retrucou: «Isso não interessa, porque tu vais ter de me explicar por que andaste a falar mal de mim no ano passado nos blogues, nos jornais, nas mercearias, nos escritórios, nos estádios de futebol, nos lavabos públicos, nas pausas para fumar, ao jantar, ao almoço, no autocarro, nas viagens de avião.» E o cordeiro popular português responde: «Mas, senhor lobo Pinto de Sousa, no ano passado eu ainda não havia nascido para a realidade de Fantasia Espectaculosa praticada pelo seu Governo e pela LPM que muito a custo lhe branqueia a ferocidade e a imagem de tirano incontinente.» Riposta-lhe o outro ferozmente: «Se não foste tu, então foi o teu irmão, os jornalistas Miguel Tavares e os outros oito que estou a comer com processos milionários que eu posso pagar com com o meu vencimento de 5000 euros de PM.» Uma vez mais, o cordeiro popular português: «Peço desculpa, senhor lobo Pinto de Sousa, mas eu não tenho irmãos, sou filho único na hora de sobreviver, desesperar e suportar os dentes afiados das suas políticas de punir, dividir e desmoralizar para cevar a grande matilha que nos explora.» «Se não foste tu, então foi algum teu conhecido, algum outro cordeiro popular português, o cão sindical que guarda o rebanho, ou até mesmo o pastor engraçado Cavaco-Silva-Tudo-Está-a-Funcionar-Pefeitamente. O facto é que eu fui ofendido e por isso preciso de me vingar.» E então o lobo Pinto de Sousa avançou sobre o cordeiro indefeso, agarrou-o com os dentes, com a propaganda, com os Magalhães, com a Elisa Ferreira, com o Eduardo Pitta, o Vitalino, o Cabeça-Vital-Pedido-de-Desculpas, o Emídio Rangel, a LPM, o ASS, a Maria Torcionária de Lurdes e o tripé galheteiro Pedreira e Valter, o Estatudo Administrativo dos Açores, a Martifer, a COSEC por nacionalizar, a GALP, a EDP, a PT, o Fisco, a Banca, o TGV, e foi embora à procura de um lugar tranquilo onde pudesse comer a sua presa eleitoral, o cordeiro popular português.