O PERIGO DE UM JESUS PALRADOR


É extraordinário que dois homens os quais nem sequer sabem falar com aprumo, falem de mais. Refiro-me ao Vieira de sempre e ao Jesus mais recente, a exercitar os seus dotes de orador árduo, como se tivesse sido benfiquista desde a barriga de sua mãe. Palrar vitória e um alto score de golos por jogo é extremamente perigoso. A bebedeira das últimas goleadas tem sido contraproducente no plano internacional e foi penoso ver um Benfica novamente banal e trôpego na Taça Europa. Sobretudo derrotado. Claro que o Benfica é grande e será sempre grande no Mundo. O maior em número de sócios, o mais interessante para o jornal A Bola e para os grandes papagueadores de um nome que parece soar melhor quando se tem bigode: Benfica. 300 mil sócios é um assunto com cara de carro à frente dos bois. Urge que a verborreia gloriosesca do treinador Jesus regresse aos níveis de contenção iniciais. Houve um tempo em que, com este fabuloso Jesus, General com Pulso, o Benfica goleava na mesma, mas nunca perderia com o AEK, conforme perdeu. E porquê?! Todos os treinadores e dirigentes do Benfica, nas últimas décadas, têm perdido no terreno de jogo, mas também, e muito!, no terreno mediático precisamente por excesso de um palavrório glorioso e fanfarrão muito antes de os títulos se ganharem. Isso abre brechas de vaidade adiantada e desconstrói a unidade desejada no seio do grupo que rapidamente se esfrangalha de estrelato e individualismo pedante. Depois é a completa ressaca, quando se perdem títulos sucessivos. Mesmo Jesus, que deveria pregar o Benfiquismo com arrebatamento e ardor, deve por enquanto ser lacónico e calado, entre as habituais goleadas internas, porque afinal ainda não ganhou nada. Depois não se queixem de o FCPorto conseguir novamente a Liga, graças às suas velhas regras rígidas e claras, quer na disciplina de balneário, quer na disciplina de exposição mediática. A Rocha dos Títulos é sempre a mesma como é sempre a mesma a Areia do Fracasso. Ou o Benfica assenta a sua atitude no trabalho, na concentração, na concisão discursiva que nunca canta antes do tempo ou assistirá ao fracasso uma vez mais porque Jesus é Jesus, mas não faz milagres numa casa empedernida de velhos vícios de boca!: «O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, apelou hoje, em Alvaiázere, para que o clube consiga atingir os 300 mil sócios, depois de na semana passada ter ultrapassado a barreira dos 200 mil.»

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