GLÓRIA E DECLÍNIO DE JUDITE
A entrevista de Judite a Lorenzo Carvalho foi um acto falhado que evidenciou o declínio de uma profissional. Bem pode tentar ser auto-indulgente que o que nos mostrou foi grave. O tom violentador, judicativo, completamente hipócrita da Judite acendeu em milhares de nós um asco natural pelo papel que a entrevistadora, tantas vezes falando a medo com figurões da finança e da impunidade política, resolveu assumir com um jovem excêntrico, exuberante na riqueza, e demasiado paciente e tolerante perante a insolência intrusiva da pivot. Mas os sinais de decadência em Judite espraiam-se a cada passo, tirando fogachos de atrevimento e laivos de provocação com o Parisiense, no que terá sido o seu canto do cisne ou mais glória vã. Porém, há algo nela — titubeios, interrupções, impaciências, enganos, ignorâncias, gestos esquisitos, esgares esquisitos, tropeços verbais, há muito patentes com Marcelo, com Medina, patentes até quando encara o cameraman —, e que a faz resvalar para o banal a roçar o amadorismo. O que se passa, Judite? É o cansaço, a rotina, o vazio, a ausência de Seara em fêmeas mãos alheias? Alguma coisa será. O que a Judite faz, faz da Judite uma pivot e jornalista abaixo do recomendável, embora no topo da carreira. A entrevista com Lorenzo ajudou-nos simplesmente a flagrar a globalidade do problema, o declínio, sem poder atingir as razões dele. Por que não põe o lugar à disposição e não vai descansar num spa de luxo por uns meses, quiçá anos, até se reencontrar?!
Comments
Querem fazer marxismo cultural e depois tem azar. A fronteira do ridículo é sempre muito ténue. Ela que olhe para a sua carteira antes de querer olhar pela dos outros ainda mais quando se trata de dinheiro limpinho.
AM