À PROCURA DA CLOACA PERDIDA
Considero um alívio a auto-evacuação de Joaquim Pais Jorge do Governo Passos II [um começo brilhante!], para mim a melhor notícia desde a prestação calamitosa no célebre briefing do secretário de Estado Lomba, adjunto do adjunto Maduro. Ainda que vítima da baixeza do Spin Socratista, Joaquim disse nada ter a ver com os swap do Citigroup, sendo ao tempo, em 2005, um seu alto quadro em Portugal. Ainda que vítima da baixeza do Spin Socratista, Joaquim disse que não tinha responsabilidades diretas na venda de produtos derivados mascaradores da dívida nacional, de dívidas nacionais em geral. Esquisito e talvez fácil de desmentir, ainda que vítima da baixeza do Spin Socratista. Joaquim disse mais: que não se recordava de ter participado nas reuniões de promoção e venda desse artigo em reuniões com assessores em São Bento, quando São Bento era habitado pelo prodígio de carácter, visão e boa governança, Sócrates. Joaquim Pais Jorge nem sequer deveria ter sido convidado para este cargo, mas com a estratégia não recriminatória do socratismo com que Passos se atirou à governação, era de esperar que até um espirro mal dado servisse à Máquina de Spin Socratista no sentido de descredibilizar e somar fragilizações ao Governo, mesmo a esta segunda versão supostamente robusta.
Mas pronto, ainda que vítima da baixeza do Spin Socratista, Joaquim acaba de se auto-excretar. Ponto final. O resto, o resto das inconsistências problemáticas deste Joaquim já todos sabemos. Mas sabemos sobretudo o papel cínico da verdade nisto tudo e de quem a fornece. Ora o fornecimento da verdade pode ser um negócio, um negócio cínico, repito, um negócio sujo e de puro entretenimento, quando envolve Ex-Membros-dos-Governos-Anteriores contra um Governo em Funções amplamente combatido, apertado pela Troyka e sob um escrutínio público inaudito. O papel dos primeiros, os Ex-Membros-dos-Governos-Anteriores, já todos o sabem por mais que o não queiram saber, com todas as boas intenções infernais, foi delapidar Portugal ao longo de anos, culminando nisto que se prepara e é trágico, os cortes nas pensões e reformas.
O enfoque mediático e cívico deveria estar todo nisto. O enfoque cívico está nas praias. E o mediático está, pelo contrário, a incidir nas mentiras de figuras menores, nos currículos merdosos de secretários de Estado como o deste saltador com vara, Joaquim, uma vítima da falta de blindagem e contra-spin. O enfoque deveria estar na criminalização dos que autorizaram PPP pelas décadas, PPP ruinosas para o Estado Português e para os contribuintes. Quem as autorizou fundamentalmente? Os Governos Sócrates. O enfoque deveria estar em quem estimulou e caucionou mais de duas centenas de swap, coisa igualmente impensável, temerária e pesada para contribuintes e Estado. Quem as estimulou, autorizou e assinou [não interessa agora a mão concreta de Carlos Costa Swapinante]? Os Governos Sócrates. O enfoque deveria estar em quem controlava o IGCP nas vascas do Pedido de Resgate do Estado Português e no putativo lucro de alguns amigalhaços com as taxas de juro obscenamente brutais que então pontificavam; o enfoque deveria estar colocado no verdadeiro motivo por que esse pedido de resgate foi retardado. Quem controlava o IGCP em 2011? O Caimão.
Entre colocar o enfoque nesta grosseria monstruosa feita aos Portugueses, paga pelos Portugueses, altamente Tóxica, fonte de Dívida, Emaranhado de Tretas, garante de Empobrecimento Colectivo, da necessidade de um Cumprimento Doloroso, ou colocar o enfoque nos currículos inconsistentes e problemáticos que Passos Coelho contrata ingenuamente para o seu Governo, os media, entidades bem mandadas e que trabalham com certas cenouras secretas e silenciosas à frente, colocam o enfoque na ponta do icebergue, um secretário de Estado por ventura mal-amanhado, porventura de trajecto comprometedor, que nem sequer sabe mentir, arredondar a verdade, como Sócrates, que era perfeito nisso, ou como a sua prole que o tornaram perfeito a ele e ainda aí estão, no trabalho de sapa de mentir com a verdade. Só num País em forma de cu tal acontece.
Comments
O problema reside no facto de os sucessivos governos do país lançarem mão de "contabilidade criativa" para "desorçamentarem" e desse modo ocultarem os números reais do défice e da dívida externa.
E não é um problema de agora nem exclusivo do nosso país.
http://supraciliar.blogspot.pt
Isto faz-me lembrar Muhammad Saeed al-Sahhaf.