ARMÉNIO, O ESPINGARDADOR RADICAL

A hora oportunista da CGTP, isto é, do PCP é a da radicalização, seja na ponte Salazar-25 de Abril, seja em outro local qualquer. Radicalizar o risco. Erigir o patético. Criar espectáculo. Imitar a escala brasileira do protesto e talvez o descontrolo. Eis tudo. E porquê esta sanha nova do PCP-CGTP pelo patético e a pantomina nas manifestações rotineiras de Outubro-Novembro-Dezembro? O que é possível mudar nas Políticas Europeias do Governo em Funções sem o poder de ruptura de uma invasão extraterrestre, sem a força transformadora de um assassínio político, sem o virar de tabuleiros de uma guerra continental?! Nada. Porém as coisas correram muito bem ao PCP nas autárquicas. Portanto, a manif rotineira de 19 de Outubro quererá subir de tom, confrontar as polícias, engendrar vitimas involuntárias, levar o protesto minoritário ao patético e ao truque da maioria minúscula que tornou célebre o desvanecente Bloco. Em suma, Arménio passou-se e aí vai ele, de peito feito, na sua fantasia vã e caprichoso aventureirismo. A Ponte é um Symbolo. Foi na Ponte e graças à Ponte que o último Governo Cavaco tombou fragorosamente graças a um erro do animal ávido-BPN Dias Loureiro. Portanto, nada mais auspicioso que o PCP regressar à Ponte em nome das massas populares, dos trabalhadores contra as Políticas de Direita. Muito ingénuo andará o Ministério da Administração Interna se olhar carneirescamente para os desígnios radicais da CGTP-PCP e anuir-lhes ao intento, apesar das falinhas mansas e das boas intenções que homologam esta marcha politica à maratona desportiva. Qual será a decisão final? Logo ali, no terreno aflitivo da travessia, é muita entidade ao barulho, Lusoponte, Refer, Estradas de Portugal, Protecção Civil, Gabinete de Coordenação e Segurança Nacional e Instituto da Mobilidade Terrestre. Mas o PCP-CGTP quer marchar, ver o mar, ver o rio, quer mudar de praça, de avenida e de ares. Arménio Carlos está a milhas do bom-senso e da sabedoria de Carvalho da Silva: falta-lhe um sentido de totalidade e um módico de compaixão, para não falar na subestimação da maioria dos portugueses. Muito bom a espingardar talvez ainda melhor a espantar a caça, Arménio não percebe o lastro de desconfiança que a esmagadora maioria dos portuguese alimenta em relação aos radicais de Esquerda [não os temos de Direita, graças a Deus, como os têm os Gregos] e como é implacável a puni-los. O Bloco de Esquerda já pagou parte do preço eleitoral da sua completa inutilidade, nas últimas autárquicas: dizer mal, insultar muito, e apresentar o abismo como saída, dá merda, Arménio. Põe os olhos nisto: as eleições passadas são uma coisa muito volúvel e passível de reversão violenta no futuro, Arménio. Uma marcha com veneno na língua e o diabo no corpo pode correr mal. Uma manifestação é um acto passional. Nada tem a ver com eventos desportivos. Numa manifestação, as massas enraivecidas e acossadas pelas palavras de ordem robóticas e simplistas podem ver resvalar a chinela disciplinada do Partido para a loucura dos que se sugestionam com o desespero. Numa Meia Maratona a mole limita-se a correr. Numa manifestação, tudo pode acontecer. São dois quilómetros sobre o rio Tejo, as vozes vão enrouquecer a gritar «Demissão», a insultar Passos, a Troyka, e a incensar o Diabo. Pode chover. Pode ventar. Uma rabanada de vento pode arremessar o pesado camarado com bigode e barriga para o fundo do rio, segurando a bandeira vermelha ou a faixa asa delta. Da Praça da Portagem a Alcântara, a paisagem convida à paz e à concórdia entre Esquerdóides Fanáticos e a Direita Rançosa, uma orgia colectiva como no ápice de O Perfume, e não estou a imaginar o que se ganharia em cortar, por um dia, o principal acesso rodoviário da Margem Sul à capital. Mais a mais, uma tal marcha pavoneante da CGTP-PCP custar-nos-ia os olhos da cara em despesas correlatas a lembrar uma swap politiqueira qualquer: por que teríamos de pagar brigadas anti-terrorismo, segurança marítima e terrestre nos acessos e ao longo de toda a ponte, portanto, milhares de euros só numa putativa operação de segurança, com pagamentos adicionais aos agentes da PSP, GNR? Aos kapos do PCP paga o PCP. Tem a CGTP-PCP recursos para cortar os acessos rodoviários ao tabuleiro, definir alternativas, manter um corredor de segurança para casos de emergência e garantir que ninguém tenta aceder ao tabuleiro inferior ferroviário?! Pode o PCP-CGTP garantir que ninguém tenta atirar-se da ponte a fim de chocar a opinião pública e obter um impacto patético-político ainda maior?! Os riscos são demasiado pesados, Arménio. A CGTP-PCP quer brincar com o fogo, pois esta manifestação jamais seria como qualquer outra. Tecnicamente, uma manifestação desta é muita areia para a camioneta política do Partido Comunista Português e o seu biombo sindical, tal como as greves da Metro de Lisboa são um golpe demasiado baixo a coarctar a liberdade de circulação de quem pagou os passes. O PCP-CGTP vive na fantasia. Quer sangue. Quer impressionar o burguês. Quer adrenalina. Procura emoções fortes. E deu-lhe para as pontes. Mas um dia, quando passar o tempo dos machetes, dos soares, dos cavacos, dos loureiro, dos sócrates, dos grandes dinossauros rapaces do Regime, das grandes lógicas devoristas EDP, de todos os egoístas e reles que Portugal pariu, gente que dita a minha miséria-Camões e a de milhares, poderemos usar as pontes para passeios de Paz e fazer amor nas pontes e ver a natureza das pontes. Um dia. Dia sem Arménio, o Espingardador Radical.

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