APRENDER EM ITÁLIA A MATAR POLÍTICOS

Quando se vai mais fundo para perceber o tipo de desespero do manuseador de armas que, em Itália, disparou sobre polícias quando visava políticos, percebe-se como, qualquer dia, qualquer um, sob qualquer pretexto, disparará. Cá nesta Doce Brandura. Pelo menos quem sintonize a Rádio Carbonária Instigadora do dr. Soares. Desta vez, o dedo desastroso no gatilho foi o de Luigi Preiti, um desempregado de 49 anos, separado pela segunda vez, que tinha voltado a viver com os pais, sem antecedentes criminais, e que se havia viciado no jogo electrónico videopoker, no qual perdeu as suas economias, de acordo com o La Repubblica.


Ontem, o Luigi. Amanhã, outro otário qualquer. Veremos. Desesperado! Pois. Disparar é fácil e Luigi, que estava impaciente, acabou por disparar sobre dois polícias à porta da residência oficial do Primeiro-Ministro, que entretanto tomava posse com o novo Governo. Um dos polícias ficou em estado grave, mas o alvo eram os políticos, Letta ou quem calhasse. Quem a montante estimulou este atentado falhado? Teria sido Beppe Grillo? A retórica de um neopolítico, Beppe, contra a restante classe política não pode estar na base dos seis tiros trocados às portas do Palácio Quirinale, no Palácio Chigi, a sede do Governo italiano. Não há, não pode haver autores morais. Não há, não pode haver indutores. Não há instigadores. Não há uma lógica bode-expiatório instalada em Itália. Nem em Portugal. Beppe está inocente. O dr. Soares estará inocente. 

O acto de um doente mental não é terrorismo, dizem as autoridades locais. Claro. As retóricas enviesadas e inflamadas de políticos anti-outros-políticos não preparam o terreno a todas as possibilidades. Não. Um atirador de fato e gravata, a cerca de cinco metros de polícias está ali porque descobriu a cura para o jogo. A loucura é um veneno que se toma escrupulosamente. E em Portugal? Quem, entre nós, com a papalidade parda do Regime às costas alimenta um clima de ódio e violência dirigido contra alvos específicos?! Quem, entre nós, majestaticamente com os media sempre colados como rémoras, semeia ódios e alimenta tempestades contra um ou dois políticos da facção adversária?! Haverá, entre nós, voluntários para, seguindo as hipérboles analógicas do dr. Soares, alvejar aqueles políticos que o dr. Soares sugere, e depois suicidar-se?! Alguém que segure, com a mesma destreza de Luigi Preiti, um revólver de calibre 7.65, e que, como o mesmo Luigi, se não detectar políticos, possa atirar catártica e desportivamente contra polícias e acertar em mulheres grávidas?! Diga-nos, dr. Soares. No Parlamento já temos o Galamba com a metralhadora lingual sempre pronta a espingardar e o dedo no gatilho do Twitter, a twittar impropriedades, impropérios e imprecações lesa-instituição A Presidência. E nas ruas, dr. Soares, já recrutou alguém?!

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