Rumo a Um Tempo de Bons Ventos e Acalmia
Há quem pense
e traduza só doçuras,
há quem sempre escreva mel
e bolos de chocolate e amor e paixão e ternuras.
Há quem esteja obeso de altruísmo,
quem queira ser melhor
honesto e santo como um paraíso sobre duas pernas
é só têm duas cores: ou a dor ou o amor.
Eu não. Não escamoteio nem rancor nem frustração, caso os tenha.
O que tenho é para ser dito, escrito, até que passe e meu ser serene.
Se é fúria, escrevo fúria.
Se é ódio, escrevo ódio.
Se os meus olhos dão com falácia
e mentira em toda a parte, sai-me um verbo verde,
carregado de escárnio e escarro,
quisera saurianamente devorar, trespassar, garra enclavinhada, esse engano ruim,
ser avalancha que, desprendida do penhasco mais pináculo, fragorosamente soterrasse todo o mal num silêncio branco.
Assim ou assado, é escrevendo que digiro
os absurdos, mar alto, em que navego e me vitimam
rumo a um tempo de bons ventos e acalmia.
Joaquim Santos
e traduza só doçuras,
há quem sempre escreva mel
e bolos de chocolate e amor e paixão e ternuras.
Há quem esteja obeso de altruísmo,
quem queira ser melhor
honesto e santo como um paraíso sobre duas pernas
é só têm duas cores: ou a dor ou o amor.
Eu não. Não escamoteio nem rancor nem frustração, caso os tenha.
O que tenho é para ser dito, escrito, até que passe e meu ser serene.
Se é fúria, escrevo fúria.
Se é ódio, escrevo ódio.
Se os meus olhos dão com falácia
e mentira em toda a parte, sai-me um verbo verde,
carregado de escárnio e escarro,
quisera saurianamente devorar, trespassar, garra enclavinhada, esse engano ruim,
ser avalancha que, desprendida do penhasco mais pináculo, fragorosamente soterrasse todo o mal num silêncio branco.
Assim ou assado, é escrevendo que digiro
os absurdos, mar alto, em que navego e me vitimam
rumo a um tempo de bons ventos e acalmia.
Joaquim Santos
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