DIXIT DOMINUS DOMINO MEO
Não há fúria que sempre dure
nem meandros de dor
pelo que todo o teu ser
vê e é mentira.
Ah, como é longo para nós este processo de submissão dos inimigos
até que se tornem escabelo dos Seus pés!
(«Dixit Dominus Domino meo,
Sede a dextris meis,
donec ponam inimicos tuos
scabelum pedum tuorum.»)
Ah, como é delicioso Handel ter feito a música que fez para isto em 1707!
Nem sempre espumarás de raiva
pelas pulhices de que se faz a vida
ou com que se dá a morte.
Haverá, sem dúvida, outras horas,
onde o teu amor,
onde a tua música,
onde os teus livros,
as tuas amizades,
a doçura da tua voz na conversa amena
o calor da tua benevolência antiga e incondicional,
o teu bom humor,
de Orfeu apaziguador, de Orfeu sedutor,
excedam tudo.
Joaquim Santos
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