QUANDO O CHÃO SE ABRIR


Naquele tempo,
quando pudermos, se pudermos, beber água,
não passaremos de homúnculos como que em festa por champagne novo.
Raridade arbórea, festins desaparecidos de verde...
Entre o deserto generalizado, com a boca rebentada de fissuras,
sorriremos mais com o menos,
mais vezes beijando a fronte fria da morte com beijos de fogo.

Naquele tempo,
o chão íntimo, aberto, será para nós um refúgio,
que tudo nos seja gruta, ventre, íntimo.
Ah, voltarmos a ser bíblicos e a escutar os longos serenos silêncios,
reencontrarmos, palpitante, a Afirmação, a Esperança e o Encanto!

Naquele tempo,
castigar-te-ei, meu amigo, tão cego foste, maldoso para com a pureza feita gente.
Todo acção e exterioridade, nunca poderias compreender a interioridade e a paz,
que se desenrolavam pessoa diante de ti,
que te aborreciam de morte. Movido não sei por que sentimentos negros,
vampirizaste-me a alegria íntima, intensa, do Sagrado.
Mergulhar no Tempo é colher ilusão após ilusão,
é conformomarmo-nos com o porco lixo das coisas que nos possuem bolotas,
quando no despojamento completo do coração é que se ganha absolutamente.
Toda a riqueza, o magnvm mysterivm!,
está na radicalidade Francisco despojada,
está na descoberta do nada-ter
como plenitude e plena realização!

Quando Deus vem habitar um coração assim humilde, livre e limpo,
completamente varrido de supérfluo,
é o Céu a estabelecer-Se em ti,
irmão aprisionado.

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