FREEPORT, ASES E VALETES
Não me importo que me insultem, rebaixem, humilhem, quando verso assuntos relativos aos que delapidaram Portugal desde que nos tornámos um arremedo de Democracia, a partir de 1974. Talvez tivéssemos ganho imenso se se tivesse promovido uma reconciliação explícita e um levantamento de culpas sistemático e inteligível, a fim de que as bases do novo Regime, após o 25 de Abril, fossem sãs e não uma transição do corporativismo de Estado para o corporativismo dos Partidos. Por exemplo, agora que foram absolvidos Charles Smith e Manuel Pedro, os arguidos no processo de extorsão associado à corrupção que possibilitou o outlet Freeport, em zona protegida, e tendo sido o próprio Ministério Público a pedi-la por entender que os responsáveis por toda a engenharia das luvas para mudar o sentido do estudo de impacto ambiental não foram aqueles, importa reverter as atenções para os verdadeiros corruptos. Ora, quando se fala em corrupção, deve falar-se de quem efectivamente tem poder e influência para operar mudanças de 180º no resultado de estudos de impacto ambiental ou em promover PPP com partes de leão para os privados e custos tamanho elefantíase para os contribuintes.
Por isso é que foi emitida uma certidão para accionar um processo que arrole todos os indivíduos referidos no processo, entre eles, sim, o Parisiense. No processo Freeport não podemos convocar o caso dos Sobreiros. Não podemos aludir ao caso dos Submarinos. Não vem à colação mencionar a megaburla do BPN, a subversão e conspiração mediática num suposto Estado de Direito que representa o Face Oculta, apesar de casos asquerosos todos e dignos de combate cívico. Cada processo de corrupção vale por si. Se o Estado e o Povo, pela primeira vez, obtivessem uma vitória, isto é, o milagre de uma condenação bem fundamentada e exemplar, ganhávamos muito com isso. Não é porque os que devastaram Portugal ao longo dos anos escaparam impunes que teremos de tolerar essa regra horrenda e vergonhosa repetida e confirmada, regra que nos atira para baixo e justifica um percurso perdulário e injusto na distribuição da riqueza em Portugal. Azar que os testemunhos prestados neste julgamento tenham deixado absolutamente óbvio que a empresa promotora pagou para mudar o estudo de impacto ambiental; os arguidos não ficaram com esse dinheiro; e efectivamente estudo de impacto ambiental foi alterado radicalmente. É a grandeza do cargo do corrupto que permite exorbitar luvas e contrapartidas, conforme fica claro também. Infelizmente, um percurso biográfico destes, em vez de atalhado e condenado à partida, escalou rumo à perfeição dos métodos e do atrevimento: começa-se com umas facadas na concelhia, seguem-se umas falsificações manhosas na cédula parlamentar, mais uma licenciatura com os pés, e, com o tempo, fica-se um ás, até para a lata de, hoje, declarar 40 000 euros de rendimentos anuais, enquanto se leva um nível de vida que escandaliza grosseiramente um País esbulhado de cortes, sobretudo os cidadãos que, hoje também, passam dificuldades e sofrem sabe Deus que dores apenas para ter o básico. Um Povo pagará sempre as piores consequências de consentir em liderá-lo um homem sem carácter e sem honra, sem estatura, sem sabedoria, sem um sentido de empatia com as pessoas que humilde o coração para que o norteie a compaixão e a busca do bem maior que a todos beneficie. De resto, veja-se de que gente se rodeia um corrupto, que sofrimentos ele atrairá a um povo, senão no tempo em que lidera e promove ilusões de desafogo mentiroso, certamente logo depois da sua fuga. O 25 de Abril por que comunistas se enchem de tesão representou basicamente isto: um País com infraestruturas equivalentes aos mais ricos no mundo. Rendimentos miseráveis, ridículos e vexatórios da esmagadora maioria da população, hoje a braços com cortes cretinos que nos condenam, décadas depois, a ficar exactamente no mesmo lugar.
Comments
Perfeito e esclarecedor.
O GFP ( Há quem traduza por grande filho da puta ) não irá sair impune. Leve o tempo que levar.
Confiamos totalmente em pessoas como o Joshua, que não desistem nem esquecem as responsabilidades que impedem sobre esta classe política, com especial destaque para a escumalha socialista.
Que nunca os dedos lhe doam.
Garanto-lhe que nós tudo faremos para que não se perca mais esta oportunidade.
Forte abraço