SUBSÍDIO PARA UMA PASSOSCOELHOLOGIA

A demagogia é uma arte. Ela permite a um político sem escrúpulos vender o seu peixe glutão e fajuto através de uma mensagem de facilidades, de saídas airosas, amanhãs canoros, permanecendo ele próprio, à tona, em posição desonesta de Poder o máximo de tempo possível. Depois, quando tudo corre mal graças ao percurso doloso, ladrão, autista, seguido, escapa-se para parte incerta, vai estudar, vai viver à grande, investindo o que lhe resta de vida nos milhões que comissionou. A demagogia pelo discurso do fácil e do optimismo apoia-se em artistas do fátuo, em estrategos da comunicação eficaz para papalvos. Seguro, o Homem-Banana do PS, acha que tem futuro ao rodear-se de plastificadores, ao plastificar-se ele mesmo na conversa trapaceira da demagogia pelo lado fácil.

Passos usa uma outra forma sofisticada, nua e crua de demagogia. A demagogia pelo lado do árduo, do difícil, do sacrifício. A sua mensagem sacia boa parte da nossa psique colectiva, que atravessou a primeira metade do século XX faminta, evadida para o Brasil, a contar os trocos, confiada na providencialidade resoluta do sr. Dr. santacombadense e aprendendo a linguagem da poupança até à morte. 

E aqui estamos. 

Falo por mim. Estou retraído. Passos-Gaspar retraíram-me até ao extremo do cêntimo que não gasto. Hoje, dia vinte de Janeiro, faço vinte dias sem uso convencional de dinheiro. Passaram vinte dias e não gastei nem um cêntimo comigo mesmo. Zero. Nenhum café. Nenhuma cerveja. Nenhum jornal de papel. Nenhum pastel. Nenhum gasto pessoal. A minha retracção é completa. Estou comprometido a retrair-me até ao extremo da loucura em homenagem ao sr. Dr. Passos Coelho, demagógico pelo lado do esmagamento salvífico dos cidadãos. Esta mensagem penetra mais. E produz muito mais efeitos de apreço e benevolência para com o demagogo. Trata-se de uma demagogia santa. E o povo canoniza-a. 

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