O PARADOXO AUSTERITÁRIO ALEMÃO

Se a Alemanha impõe uma política alemã à Europa, nos planos financeiro e económico, será preciso recordar que, em traços gerais, tal política alemã é a que a Alemanha se impõe a si mesma, sendo, como é, um caso raro de sucesso e eficácia na mesmíssima Europa e no Mundo. Ana Sá Lopes esquece este ponto e, pelo contrário, dá a entender que essa política é trágica e explosiva. Será trágico e explosivo Portugal sair robustecido na sua capacidade exportadora? Será trágico e explosivo Portugal melhorar nos índices de poupança, crescer e desenvolver-se numa nova industrialização, progredir na baixa do desemprego, no aproveitamento estratégico da nossa periferia europeia que na verdade é uma centralidade axial mundial?! Está ainda em aberto saber se o processo de germanização económico-financeira da Europa não fará dos demais países do Euro um pouco mais semelhantes a essa Alemanha, portanto, mais bem sucedidos na organização, na exigência e sobretudo no sucesso desse modelo. Acresce recordar que, antes de a Alemanha alcançar os superavit e o pleno emprego actuais, teve de ter a coragem de se impor a si mesma uma fase de «austeridade inenarrável.» Tenho pena que a Ana não perceba que, como tantas coisas na vida, o caminho do bem-estar e do sucesso é sempre estreito, mas é o caminho. Ad augusta per angusta, os Romanos lá sabiam porquê e os Portugueses do século XV e de Quinhentos, o século de Ouro, também: 

«Há um processo revolucionário em curso e ele não é desencadeado pelos "comunistas" - o partido que ficou culpado pelo chamado PREC, embora os comunistas nunca estivessem estado sozinhos nesses acontecimentos. Este novo PREC é desencadeado pelas instituições europeias, com a bênção de todos os governos europeus, incluindo o nosso. Este PREC não se restringe à "comuna de Lisboa" (como era conhecida a zona de maior influência vermelha, a capital e o distrito de Setúbal), é um PREC que envolve toda a Europa e que nos obriga a nós, portugueses, a aceitar condições de austeridade inenarrável em nome de continuar a pertencer ao "clube dos ricos. Qualquer partido que vá para o governo se confrontará com isto - as regras da Europa, onde manda a Alemanha, impõem-nos um caminho de sentido único, o do empobrecimento generalizado. A situação é explosiva e o que aconteceu ontem pode repetir-se em versões mais negras.» 
Ana Sá Lopes, ionline

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