FMI, O ALASTRAR MOLE DO ALVOROÇO

Depois do lençol mortífero que o relatório do FMI representa para Portugal, estava na hora de referendar os limites do que vem a ser afinal este Ajustamento. Referende-se tudo. Referende-se o dictact de este FMI, no que sugere e propõe de calamitoso para as pessoas concretas. Referende-se a Puta da União Europeia, que nos tutelou para que fizéssemos e sobretudo para que desfizéssemos e nos desfizéssemos; referende-se o Regime, a República Gananciosa dos Políticos, dos Soares e a sua terra evidentemente queimada. Referende-se a tolerabilidade ou não de seguirem serenos, suaves e até santificados pelos valupis, os mesmos cretinos que nos puseram nesta situação. Acima de tudo, referende-se a cabeça a prémio do actual Governo: comprometida a economia por um excesso de zelo que erodiu a base tributária, o bom senso no doseamento dos cortes parece evadido para parte incerta, enquanto o exterior nos redesenha a régua e esquadro, graças à nossa docilidade pavloviana, após a grande inquisição e reeducação salazarenta. Carlos Moedas, coitado, entusiasma-se com o relatório da chacina. Acha que é uma coisa boa. Será? Neste novo ano, tenho-me comportado como se não existisse, não gastando um cêntimo sequer, dia após dia após dia, numa disciplina ultra-austeritária comigo mesmo, respirando o ar grátis, bebendo água grátis, submetendo-me feliz ao sol e ao sal, comendo o pão nosso de cada dia ou de dias. Mas que será das minhas filhas, agora que além de me falhar o trabalho, falha-me igualmente a Segurança Social?! Vai tímido o alvoroço que perpassa e transpassa as gentes, incapazes de reflectir, tão habituadas à futilidade mediática e às alienações quotidianas. Gentes que ainda há pouco rompiam os recordes de consumo em jogos sociais, da raspagem sôfrega de vãs raspadinhas ao rabiscar vão das vãs cruzinhas nos euromilhões de mentira. Gente que se lubrifica com a Casa dos Segredos. Que será de nós?! Os credores consideram que poderemos viver de vento, de desemprego e desactivação. Talvez concebam um plano que indirectamente permita deportar um quarto do funcionaridado público português para a grande Londres ou a grande Berlim. Anuindo ao relatório, tal como vem, em bruto, o Governo Passos consolida-se como um Governo de Morte e Enterramento Social, disposto a chacinar lá, onde os Governos do Filho da Puta faziam a festa dissoluta e inoculavam a mentira criminosa que  aliás abriu caminho a este estado de Pré-Guerra. Provavelmente, não há qualquer outra solução muito menos uma na cabeça oca de Seguro. Só há isto que os cavaleiros do FMI nos apocalipsealizam. Ninguém se atravessa por quem sofre e definha, num contexto de agressão externa salvífica: quem roubou, roubou, quem não roubou, roubasse; quem faliu fraudulentamente, faliu; quem não faliu fraudulentamente, falisse. Agressão dos cidadãos, trabalhadores e pensionistas. Saneamento tremido das contas públicas. O nosso descontentamento de vítimas transforma-se em lucidez e derrota de perdedores e perdidos, encurralados até à hora da nossa morte. Ámen.

Comments

José Domingos said…
Excelente. Cavámos a nossa própria cova, num frenesim de povo labrego, cinico e hipócrita, invejoso de novo riquismo. Este " governo", limita-se a enterrar o país, morto, já ele foi á muito tempo, os assassinos, estão todos os dias nas televisões, sempre os mesmos, bem pagos e mordomias, á conta do contribuinte.
Anonymous said…
Quem sabe a solução desta treta toda está na nossa mão, na mão dos desempregados, os acordados.

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