AS ALGEMAS QUE NOS LIBERTAM

Krugman é simplesmente mais um a fazer diagnósticos. Muito bons, aliás. O problema é que, estando nós nesta Moeda tornámo-nos corresponsáveis por ela e nada podemos fazer sem a solidária sensibilidade do Centro. Sem o respeito e a boa-fé pelos compromissos que assumimos invioláveis, embora passíveis de revisão, não teremos moral para negociar. Ora, certas abencerragens-avantesmas do Regime acham normal começar a castrar a palavra dada. Têm a veleidade de empreender negociar unilateralmente ao arrepio do reformismo [sempre adiado] e dos vários ajustamentos [sustentabilidade orçamental] a que estamos algemados. Krugman não propõe instabilidade política nem a demissão do Governo como caminho para resolver os nossos problemas, critica, sim, excessos austeritários, denuncia o desemprego excessivo, e mostra alguns paliativos, mudanças que não se operam do dia para a noite: «[...] uma expansão mais forte na zona do euro como um todo; uma inflação mais elevada no núcleo europeu, tendo em mente que o BCE, assim como a Reserva Federal Americana, são contra taxas de juro próximas de zero.[...] Pode e deve tentar-se aplicar políticas não convencionais, mas é preciso tanta ajuda quanto possível ao nível da política orçamental e não uma situação em que a austeridade na periferia é reforçada pela austeridade no núcleo, mas pelo contrário, aquilo a que se tem assistido nos últimos três anos é a uma política europeia focada quase que inteiramente nos supostos perigos da dívida pública. O importante agora é mudar as políticas que estão a criar esse pesadelo.»

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