PARA CONTENTAR TODA A GENTE

«É verdade que a entrega de responsabilidades a quem prometia segurança e bem-estar foi a gosto, pese a subida de impostos, talvez porque feita em nome da "virtude" estatal da solidariedade. Virtude que não só bendizia as oligarquias da sociedade política do Estado de Bem-estar, como, por via da sacralização do voto, permitia aos eleitores expiar a culpa pelas responsabilidades não assumidas. E tudo parecia estar a correr bem, com velhos deveres, que implicam responsabilidades, a serem trocados por novos direitos que o Estado outorgava de forma abundante para contentar toda a gente, sem se ter de avaliar as consequências. Até que o futuro chegou antes do tempo. E o povo, exaltado, desatou a culpar: quem tanto prometeu, quem não quer continuar a dar e quem o quer fazer pagar. Sem ver que o Estado Minotauro (ou fiscal), que nos devora, é resultado da evolução do Estado de Bem-estar: o grande mito da política contemporânea. Mito que, ao contrário do Leviatã, o grande monstro bíblico, que dava segurança política, é fonte de mentira e sinal de catástrofe: fruto de uma antipolítica - a governança - que é também o modelo que inspira a União Europeia.» José Manuel Moreira

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