POEMA UNICÓRNIO


Porque as gaivotas voaram baixo, afagando-nos o olhar em bando
justamente enquanto, mudos, passávamos de carro os quatro,
guarda de honra grasnante emplumada, piante e rumorosa,
ao fruto do teu ventre, nosso ente-outra-filha, aí dentro, nossa,
Segregada Semente da Eternidade Entrando no Tempo,
precedida da Divina Vontade,
estou sereno.
klj
E porque a névoa neblinava-nos defronte uma Foz Alva,
promessa de Poentes Douro,
e porque as nossas Noites têm brisa, frescura, odor a pinho,
a limonete e rosmaninho,
luas silentes embebidas em silêncio ascendentes,
por isso mesmo é que sou feliz e, falso sisudo,
aponto bem alto estas asas de Pégaso,
crina ao vento de Unicórnio insubmisso.
kjh
E escuta, Mulher: não há Mortos! Não há Morte!
Nascer ou Morrer é franquear somente a Porta do Tempo,
estagiar, na pele morna, a quentura eterna dos afectos,
dar-se ao capricho de respirar, alojar a Saudade e o Amor,
e depois Passar, Sair, que o Caminho não é Destino.
Verbero a soberba e acúmulo dos Ricos? Verbero!
Porque Partilha é que é Projecto, grão de Mostarda
arvorado, sinal do Tal Reino a Procurar Primeiro.

Comments

Joaninha said…
Sem palavras.
antonio ganhão said…
Um sereno sisudo? Gosto quanto te irritas desta forma... serena.
Tiago R Cardoso said…
Poesia complexa e de difícil leitura para um cortador...

mesmo assim excelente momento, vou é ter de voltar a ler várias vezes, ou se calhar não, os escritos devem ser absorvidos e não desmontados.

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