QUEM É PORTUGAL?


Cada vez se torna mais aguado definir Portugal.
A História desmemoriada num Povo desmemoriado revela-se-lhe fatal,
sobretudo em tempos de Crise, quando tudo oscila perigosamente,
para o seu próprio futuro íntegro.
Haverá um futuro Português, mesmo quando o castelo de cartas peninsular ruir
com as suas bolhas de mal-estar acumulado e o seu próprio subprime mal parado?
lkj
A República está morta, mas não o sabe ainda.
lkj
De falência em falência, de desactivação em desactivação,
de deslocalização em deslocalização, de abismo em abismo,
de êxodo em êxodo, de diáspora em diáspora, de deserção em deserção,
de predação em predação, de mentira em mentira,
de cegueira em cegueira, de má governança em péssima governança,
de erro reiterado em erro reiterado, Portugal, melhor!,
a República Portuguesa está morta, mas recusa reconhecer o próprio óbito.
O dinheiro da Europa envenenou-a de Oco Ostentatório
e de Egos Ébrios Mega Ferreiras.
Para nada serviu.
lkj
Camões já admitiu ter vergonha d'Isto.
Pessoa manda dizer que nunca teve nada a ver com Isto.
Vieira lamenta a triste figura fraca com que um Povo Viril
se vai, efeminado, quedando, afemeado, n'Isto.
Afonso Henriques, que gizou, e bem!, um rectângulo promissor,
declara que nunca paneleirimaginou reverter-se a Promessa d'Isto n'Isto.
Albuquerque não compreende como a mediocridade e a flacidez moral carcomeram Isto.
lkj
Todo um País improdutivo-desactivado, mono-aturismado, tresmalhado,
um Parque de Ócios e um cortejo de multidões transpirantes mal pagas,
cujo sanguíneo suor recebe o cuspo de uma mísera remuneração,
este mesmo País, que é um prodígio em telemóveis per capita,
este mesmo País, que é um prodígio em Topos de Gama per capita,
este mesmo País, que é um recorde per capita em Plasmas e em Gastos Requintados,
este mesmo País, cujos empresários compram Mercedes
para os seus contabilistas os declararem na Despesa das Actividades da Empresa
e assim abater 20% ou 30% de IRC com que portanto fogem,
porque segundo eles qualquer camelo fugiria,
de cumprir a sério com Isto.
lkj
A República está morta, mas recusa olhar-se de frente e ver que falhou e jaz pútrida.
Do que certos snobes e intelectuais da BerdaMerda precisam é que um Resto de Povo,
um Povo que não tem nem Bons Argumentos nem Boas Leituras,
um Povo que não é Chique,
que não tem classe na rua nem modos à mesa nem nas Repartições da Segurança Social,
que dá erros ao escrever, mas não ao avaliar certos caracteres,
que mal se lava, que a água é cara,
que mal se limpa, que limpar-se é luxo,
que mal come, que comer enterra,
que mal caga, porque mal come,
que mal respira, porque anda ocupadíssimo-cão atrás da cauda,
que mal se veste,
que mal leu os clássicos,
que mal viajou,
que mal sabe soletrar o próprio nome,
do que certos snobes e intelectuais da BerdaMerda precisam é que um Povo autêntico,
que ainda tem Colhões e Coragem, como os nossos de têmpera antiga,
aliado à mais crassa exaustão,
exaustão de pisados, exaustão de sopeados, exaustão de mal considerados,
foda,
à grande e à séria, a Má-Consciência e o Coiro Culpado
de um bom Bando de Cabrões que, nesta história toda bem desastrada,
julga poder ficar ou escapar sempre a rir e a sorrir
ante as pródigas câmeras das TVs.
lkj
Quem é Portugal e aonde pensa que vai?

Comments

joshua said…
Já te disse, João, que o mais provável é que pela primeira vez vote no BE ou no PCP, em 2009, à falta de um bom um Partido Monárquico, estruturado, forte, ousado, e não esta colecção de besouros entretidos com onomástica e pedantarias, em que me pudesse rever. À falta disto e dado o colapso Moral em toda a linha do famigerado Centrão, esse rodízio de oportunismos e de incompetência exímia em se reproduzir e perpetuar.

Não quero, de modo nenhum, ser deselegante, reles ou impróprio para consumo, mas dizer 'puta que os pariu' é pouco, tendo em conta as nossas expectativas de progresso Económico e Social e o nosso desígnio de mínimos de Orgulho Histórico defraudados no contexto mundial extra-ópio-fraco sucedâneo futebol!

Mas estas mariquices do BE ou do PCP a propósito da expressão 'raça' no circunlóquio cavaquiano, conotada por eles estritsmente com um passado nesse particular talvez bem mais brioso, mete-me nojo. Raça de camelos! Raça de froxos!

Nem o Daniel Oliveira, que como ambos sabemos até é muito simpático, porreiro e gentil no trato pessoal, resistiu ao mote e preferiu embandeirar em Títere, polemizando em matéria de linguagem, quando nos dá água pela barba em matéria de substância concreta e de Ética Pública.

Raça de zombies, pá! Ser popularucho está-lhes no sangue.

PALAVROSSAVRVS REX
Joaninha said…
Meu caro,

deixei-te resposta lá no blog, na caixinha de comentário onde me deixaste o teu recado, sobre a joaninha no post em baixo :)

Quanto a este acho que já lhe respondi a minha maneira um bocado torta e nunca tão rasgada como a tua :)

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