VIRIATO E O CAMINHO DAS HIPÉRBOLES

Gosto do Viriato, mas parece-me que não é com hipérboles que se descreve com justiça e equanimidade o estrangulamento financeiro do Estado Português e as medidas a que se vê forçado como uma questão de selvajaria ou de ideologia. O problema é Ocidental. O problema é europeu. O problema é norte-americano e desemboca na exploração miserável no Bangladesh, nesse tipo de horrores globais contra cujos fundamentos devemos lutar, e que só subsistem por passividade e venalidade nossa. O nosso desemprego, aliás, é irmão do subemprego deles.

A morte dos empregos no mundo Ocidental tem a ver com a deslocalização industrial e com a automação brutal do trabalho, em que uma máquina sofisticada supre o contributo de milhares de seres humanos válidos. São novos problemas. O que fazer? Menos horas de trabalho, 30 horas semanais, representariam mais empregos, somado ao realismo dos vencimentos possíveis. Mas isso será somente quando se substituir a peste do lucro pela redenção da partilha do tempo, tempo para a vida, tempo para a sensibilidade, para os filhos, para o desporto. Tempo para sermos gente, ao contrário dos pobres escravos bangladeshianos. 

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