DO GOLPE PAULO-PORTASIANO

Nas TV, nas Rádio e no Diabo a Quatro, vêm agora comentadores, politólogos, caracterizar a política portuguesa em função de um antes e de um depois do 2 de Julho, 2013. É como se, só a partir da semana anterior, ela, a política nacional, tenha atingido o nível mais rasteiro. Antes, não. Sampaio tinha dignidade de Estado. Sócrates tinha uma pose irrepreensível. Antes, sim, havia dignidade e elevação, mesmo que o sentido dela, da política, da pseudo-elevação e da putedo-dignidade, fosse o do grande acidente do incumprimento em 2011 e da mais retinta corrupção encapotada. A mim choca-me a criminalidade impune e atrevida dos sócrates, dos soares, dos dias loureiro, dos oliveira e costa. Não me choca a revogação do irrevogável paulo-portasiano: a ironia é que a corrupção viciosa comente o irrevogável. Não me incomoda que o anedotário nacional acomode ditos e dichotes sobre o líder do PP. Não o julgo, senão como um excepcional Ministro dos Negócios Estrangeiros, coisa reconhecida pelo insuspeito António Costa. Revogou o irrevogável? Talvez o interesse nacional seja mais fácil de ver e defender, não a partir do Largo do Rato ou do deletério Palácio Raton, mas de Berlim, Bruxelas e Nova Iorque: o caminho para um Portugal viável é, teria de ser, uma via sacra nunca percorrida, mas tem de valer a pena. Há-de valer a pena. O dito pelo não dito e a infâmia são um lugar-comum na vida portuguesa e na política. Não foram inventados na passada semana. A liderança do PS é trambolho desprezível. A converseta do PCP e do BE afronta a versão do Mundo Século XXI. Passos Coelho foi aplaudido de pé, no Domingo, na inauguração do Patriarcado. Fala-se demasiado em impreperação, mas quem se terá preparado para a situação terrível em que se encontravam as Contas Públicas?! Depois da ultra-dívida, teria de haver desemprego. Depois da ultra-dívida, teria de haver uma queda abissal da economia. O programa de ajustamento terá falhado, caso, finalmente, os números do PIB, do emprego e da economia não iniciem a curva de recuperação por que esperamos, o que não faz sentido. Quem obedece aos credores, tem face para negociar e renegociar. Veremos em breve que Vítor Gaspar até na previsão de que estava errado falhou por estar certo. Portas saiu por cima. Passos saiu por cima. Lá, onde muitos lêem perjúrios, traições e perfídias sem um pingo de vergonha, é preciso ler a revolução de prioridades num Executivo. Respaldada por Berlim, Bruxelas, Nova Iorque, Belém encenou ouvir toda a a gente. Hoje falará. Muito provavelmente, o interesse nacional é uma coisa muito mais entendível a partir de longe, do centro da Moeda, da Capital dela. Nada contra a Moeda. Tudo pela Moeda.

Comments

Anonymous said…
"Por causa da goleada socrática, cavaram-se trincheiras em que muitos se enfiaram, armados até aos dentes. Todas as jogadas são legítimas, sobretudo as mais baixas. Vigora o princípio do quanto pior – para o outro lado – melhor. Os portugueses são vítimas de um confronto entre claques enfurecidas. Insultam-se as instituições e os seus principais protagonistas. O Presidente da República tem sido um dos alvos deste fanatismo. Porque será que alguns insistem em gritar ‘fora o árbitro’ quando a responsabilidade é dos jogadores? Com outro a apitar, já Passos Coelho tinha caído. Vamos em 25 executivos e 18 primeiros-ministros em 39 anos de democracia. Uma média de um governo e meio por ano. Valeu a pena mudar tantas vezes? Eleições antecipadas apenas pioram a situação. "......P Pinto Mascarenhas

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