POEMA DO TOALHETE QUE TEVE SOBRE SI (NEM) UMA SOPA (NEM) UM PREGO














Po(e)(s)tarei hoje
sobre o frio por dentro de quem é perfeito.
Farei versos a quem é cumpridor e competente
acessorados por um mau hálito excepcionalmente equivalente.
Cantarei ilimitadamente os que não falham letra nem alínea,
esses caralhos do erro ortográfico, mas da Lei sabida e consabida.

Farei odes, bigodes, sonetos, aos cabrões dos amigos iguais, leais,
animais, anormais, irregulares como a piça
no que pensam e decidem sobre o que somos e fizemos,
os pulhas,
e que sorriem com o sangue que os outros vertem,
com a dor que os outros sofrem lá no segredo dos seus artificiais
corações floribelos.

Vivam, vivam vocês, ó filhos da puta todos,
tolos,
ministros do bem incomum e bem-posicionados no acesso ao euro,
Hiu, hiu, cagamerdeiros, mijem na agulha, mijem n'agulha,
Cornudos atá mangueira.
Urra, arre!, pela alegria legal e lícita,
mas não legítima, dos 12 mil euros mensais-zinhos.

Ó leis,
ó prerrogativas filhas da puta,
devorai-me que não percebo as subtilezas vossas!
Soterrai-me, ó poalha-merda partidária e suprapartidária
porque não chego ao vosso requinte de amerdalhamento curricular!

Chamai-me à pedra,
queimai-me na pira dos vossos processos amontoados,
fulminai-me aqui e já
se tresleio serdes mais, muito mais!, que eu, que nada sou e nada tenho!
Claro que sois!
Admiti que sois sóis de rectidão e justiça.
Falecei-me com a vossa excelsa verdade certa,
como deuses da processualidade adequada, regulada e estatuída.

Ide, tendes a paz, a pose e o arroto na importantibilidade de Directores Gerais,
tendes o euro,
engordais todas as semanas, todos os meses engordais.
Tende ânus de gordurosa, cevadíssima, poupança,
panças fartas de furto e justificada sem-vergonheira em tudo
a bem do Partido Chulo, do Partido Puta.

Eu é que sou uma amostra nula da espécie humana
porque não consigo isso do furto legal e tenho de ouvir
olhares coveiros gritar:
«Vede como veste mal!»;
«Vede o desleixo da sua barba de dias.»

Sim, votai-me ao desprezo, um desprezo de classe;
exluí-me de isto de ser só povo, é mister que me excluais mais e mais ainda.
Eu, longe das vossas festas combinadas,
longe das vossas premeditações de me convidar ou não convidar,
longe, bem longe, da vossa intencionalidade de me punir e excluir
por qualquer coisa que nem sei.
Eu, longe das vossas bandas e fanfarras e bebedeiras
e reuniões cúmplices.

Eu, de fora do vosso parque infantil,
da vossa superficialidade,
dos vossos ciúmes pela atenção por mim dada em tal festa
ao amigo do amigo do amigo do vosso amigo e não a vós.

Tirai-me isto de ter de morrer tal como vocês,
salvai-me de, no primeiro dia do ano,
ter de rir convosco as mesmas caganeiras, álcoois,
baforadas de erva tabágica ou outra
e depois o vómito redentor!

Ficarei aqui a construir humanidade com este paleio cromado
e a falar chinês para ti, puto.
Tu, puto, que não entendes linguagem para além do 'tá tudo'.
Vai lá, então, ser alguém-zinho, vai pró caralho!
E vós todos, mal resolvidos e mal fodidos,
que dais o cu e três tostões por fazer número
porque na verdade não tendes alternativa nem sabeis estar a sós,
fazei-me o favor de nem sequer pensarem em ler este merdapema,
este poemerda, este poe-de-mé-mé,
tora-cu de sinceridade falsificada,
como já nem sequer haver Natal
mas só o Polónio 210
de uma amizade falida!

Cobradores de gestos!
Reparadores de atitudes!
Contabilizadores de omissões!
Viciados no poderzinho!
Líderes no índice da popularidade!
Clownescos na estupidez vitalícia!...

Meus amigos, caros concidadãos,

Vão-se foder todos!
Feliz Vão-se-Todos-Foder!

E Pão Ano Novo!


Joaquim Santos

Comments

thorazine said…
Muito, mas muito bom! Aforei ler..

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