ARCO QUADRIDIMENSIONAL














Pons, pontis,
pôncio,
ponteiro agudo, angular,
ponta extensa por onde, sob onde, vou velando,
transcursos, trânsitos,
trespasses.

Por vezes o tráfego colestroliza-te:
uma avaria, um toque de nada,
uma cabriolada em cadeia,
e és-nos cabra, Ponte, por horas.

Os que se derribam de ti,
num finar-se em fim de fresta,
a par das facadas tidas, dadas, na alma doente,
levam muito em conta que sejas bela,
e atravessam-te na mesma
verticalizando a travessia
que a gravidade tece,
flechando-se sagitados,
estilhaçando-se no vidro-rio,
pontífice certo para Coisa Outra.

Subindo todo o ano, marginando-o pelo sul,
um rio-verde-lama,
vindo do mar,
de sob ti é que se vê, vejo, diverso, esse arco.
Por entre ele,
o casario gaio-portuense
umas vezes, douresplendente,
outras recortado a negrouro,
umas vezes, uma pleni-lua por entre ele, o arco, em certos entardeceres,
outras, o sol, em certos alaranjados amanheceres de Verão,
outras, a tempestiva albina nuvem enorme,
afastando-se para Leste, gorda, castrense.

Minha marcha.Tua vista.


Joaquim Santos

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