TUDO É COMBATE, MEU AMOR
«Eneias [...] disse-lhe cara a cara:
- Pândaro, onde estão o teu arco, as tuas flechas aladas, e a tua glória?
Ninguém ta disputa aqui, e não há, na Lícia, quem se gabe de levar a melhor sobre ti.
Vamos, desfere uma seta contra aquele homem [Diomedes]
(depois de teres estendido as mãos para Zeus) que,
sob os nossos olhos, triunfa assim, e fez muito mal aos Troianos;
pois a não poucos excelentes guerreiros ele desuniu os joelhos.
A não ser qu seja um deus, indignado com os Troianos,
enfurecido por causa de algum sacrifício:
terrível é a cólera de um deus!
lkj
Ilíada, Canto V
çlk
Tudo é combate, meu amor. Tudo.
Eu digo-te que subjectivizo deliberadamente o meu Poema Contínuo.
Tu dizes-me que continuamente me biografo a mim, compulsivo. Torrencial.
Outros dizem que adoeço dos nervos em farrapo com o que vejo à Noite
e que a loucura corre paralela aos meus dedos em abismo.
E se abismam.
lkj
Abismam-se com pouco. Tudo é combate.
Combato por mim e não posso refrear a minha Cólera.
Escrever como um instinto e como um impulso
é chegar sangrento, mas vivo e pronto, ao fim de uma Peleja mais.
lkj
Se estou inteiro, meu amor, se escrevo como um soldado
é porque sou este braço inteiriço, este querer maciço,
num alma determinada. Moralizado e rijo, regresso à luta.
Sente-lo bem quando te perdes na sombra no meu corpo em fibra.
lkj
Tenho para ti tudo o que sabes.
Teus são também os Despojos Incandescentes das Emoções Extremadas
com que vejo tudo o que vejo à Noite e em Todo o Tempo:
no cadinho provocador da minha Palavra Ponteaguda, Flecha Alada,
oferendo-vos, como a deuses, todo o meu vigor na Batalha.
Para que vos Deleite.
Para que vos Doa.
Comments