O IMPASSE QUE TRAMA O PS
Ontem, aconteceu uma coisa linda. Por um lado, a proposta de reformulação governamental fica em hibernação, no forno, a ganhar cor, por outro, Cavaco convoca o PS, outrora um negociador e assinante da revista Memorando, e depois em estado de fuga e de negação das suas responsabilidades. Seguro, Portas, Passos. Que trio! O mais calado dos três, Passos, quer colher os frutos da revolução económica e estrutural que foi semeada: a recuperação. Na verdade, das cinzas da aparente destruição, os resultados das políticas económicas seguidas pela Troyka-Coligação começam a aparecer já, consistentemente, e todos querem protagonizá-las. Portas protagonizá-las-ia, caso surgisse como vice-primeiro-ministro com a supervisão da economia, na versão II do Governo Passos Coelho. Seguro protagonizá-las-ia, caso, por bebedeira, Cavaco transigisse com o que lhe pede a Esquerda Mentecapta, eleições antecipadas já. Daí a pressa. O foco está, pois, sobre a boa-vontade do PS para assistir o Governo de Portugal nesta fase crítica e final das avaliações trimestrais troykistas. Perante os bons resultados do segundo trimestre de 2013 [no emprego, no PIB, no défice, nas exportações], em caso de eleições antecipadas, o PSD obteria um reforço eleitoral colossal e a posição secundária e antagonista do CDS-PP dentro da coligação seria punida. Não estamos necessariamente a caminho de um segundo resgate, mas o PS terá de assumir um conjunto de cortes de despesa que representam respaldo para os anos futuros, cuja dívida, se nada for feito, estrangulará a acção seja de que Governo for. Espero que Seguro aceite participar nesta oportunidade, mesmo que lhe caia tudo em cima, especialmente o Senil Soares, essa Boca de Lavagem, ou as São Josés Matrafonas do Rato. Espero que abandone o tacticismo das eleições antecipadas à vista das sondagens do momento. Nada mais volúvel que sondagens. Agora mesmo, a cada minuto de mutismo socialista que passa, os portugueses vão assimilando a vocação empata, corrupta e demagógica do Partido Socialista: sempre do lado do problema, da dívida, dos impunes corruptos no seu seio, dos ladrões, dos decisores ruinosos, do faz-de-conta interesse nacional. Nunca do lado dos problemas enfrentados e vencidos. Está na hora de Seguro ajudar-se, dando a mão a Portas e a Passos a fim de ganhar estatura. Se não aceitar, todo o eleitorado geriátrico nacional culpará o PS pela situação do País e pelas vascas e apuros de um segundo resgate. E é assim que Cavaco Silva envolve Seguro e o PS numa hecatombe eleitoral nas próximas legislativas de 2014: a inacção e o assobiar para o lado também se pagam caros. Preparados para ver o PS cair um trambolhão nas sondagens?! É o que dá a impreparação que varre de lés a lés todo o espectro político-partidário e não pouca ninguém: nem Passos, nem Seguro, nem Portas, nem Jerónimo, nem Catarina, nem Semedo. Nem Cavaco. Nunca se viu, porém, um partido político tão entalado.
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