POSICIONEM-SE
Abrir os olhos é não imputar a uma putativa e ficcional Direita Portuguesa as culpas que se partem e repartem sobre todo o espectro decadente e moribundo do sistema político-partidário português. Por exemplo, depois de anos ao serviço dos interesses instalados, financeiros e económicos, a Ala Socratista do PS aparece umas vezes a masturbar o PCP e o Bloco e outras a diminuir e a vexar a utilidade pragmática de tais partidos. Mesmo Seguro não resistiu a convidar e a incluir PCP, PEV e BE nesta coisa criada pelo Presidente, uma Troyka Negocial do Arco da Governabilidade. Seguro quis incluir esses partidos na proposta presidencial, dando por garantido o voto inútil a favor na próxima moção de censura. Qual foi a resposta dessa Esquerda Anti-Troyka? Rejeição liminar. Dir-se-ia que tal Esquerda se está a cagar para a condescendência segurista ou para o namoro pegado que lhe move a Ala Socratista, ainda incrustada na Bancada Xuxa Parlamentar. A sugestão socratista-socialista-segurista de o convite à salvação de Cavaco ser extensivo àqueles partidos foi portanto mandada àquele lugar. Percebe-se que o socratismo forceja fabricar o seu regresso ao Poder não apenas pelo malogro do Ajustamento, mas também pelo Cavalo de Tróia de alianças e compromissos impostores com a Esquerda Protestatória.
Embora Seguro formulasse o convite, os pretorianos do socratismo apodam-no de pura retórica – talvez desejassem em andamento um projecto de coligação escrito e assinado onde se consagrasse a ruptura com a Toyka e a exigência por um regresso formal aos moldes do PEC IV. Como esse entendimento parece comprometido, a Esquerda bloco-comunista passa a ser tratada à bruta pelo paleio pretoriano dos adeptos e amantes do Grande PlayBoy: comunas e bloquistas não participam em coisa nenhuma que não seja derrubar governos, especialmente se forem socialistas. São partidos de bota-abaixo. Pois, um bota-abaixo selectivo e eficaz se xuxas se confinam à impotência minoritária. A dor de corno política dá nisto.
Hoje, quando, à semelhança da rejeição do PEC IV, em que toda a Oposição inviabilizou um Governo Minoritário Socialista, a coligação negativista PS, PCP-PEV, BE, não chega para derrubar um Governo Maioritário, por que choram e o que lamentam os fedelhos órfãos do Mega-Burlão?! Formassem, em 2009, um Governo Maioritário para resistir. Mas isto não é o Poder que a Esquerda à esquerda o PS visa. Visa harmonizar-nos com os padrões de desenvolvimento patentes na Coreia do Norte e em Cuba, o que deveria simplificar o grande dilema nacional de cortar 4,7 mil milhões de despesa, pela mão de três ou dois partidos, pois miséria e pobreza maiores que a cubana e norte-coreana, descontando as sanções cretinas norte-americanas, não há. Assumir tal tarefa é assumir um ónus eleitoral pesadíssimo, raiz da actual crise política. Cavaco só tinha de arrastar o PS para um envolvimento fatal em tal corte, partido que gerou para o País problemas que nenhum PEC debelaria, conforme se percebe nos moldes da intervenção externa soft em Espanha. Temos de posicionar-nos: queremos sobreviver no Euro, aceitando todos os pesados sofrimentos e sacrifícios necessários, ou passar ao grande tango engonhante e regressivo dos gregos de 2011 a 2012?!
Repare-se no que sintomaticamente sugere o conspirativo Engenheiro-Bancarrotas-PPP-Swapa-mos: tem poucas esperanças em que os três principais partidos se consigam entender para o “Compromisso de Salvação Nacional” exigido por Cavaco Silva e vaticina-deseja que não exista nenhuma condição para se chegar a acordo por causa da imposição de eleições antecipadas para Junho de 2014 fora do agrado da Maioria e porque as posições de princípio assumidas pelo PS não lhe permitem recuos. Acusa Cavaco de pretender que o PS aceite medidas já definidas pela Troyka e pelo Governo, despedimentos, cortes nas pensões, coisa com que o PS, na Oposição, não pode concordar, quando é mais que duvidoso que, uma vez Governo, possa evitá-los. Basta saber o que o Senhor Bancarrota pensa para nos posicionarmos: PCP-PEV, BE, Ala Socratista não representam a defesa do interesse nacional, mas o protesto corporativo e a manutenção do lastro que compromete os orçamentos futuros do Estado Português. Representam sobretudo a reles vingançazinha politiqueira.
No melhor dos mundos, nunca se deveria bulir em direitos. Mas se todos perecermos por inadaptação à globalização e incapacidade para resistir no Euro, de pouco nos valerá uma Constituição Paradisíaca ou o Quixotismo das Esquerdas. Em suma, o Regime está em suspenso e a decisão política num impasse. Como liderar um Governo e assumir um Orçamento para 2014 que representa acrescida austeridade, cortes-poupanças num volume avassalador e com impacto em milhares de vidas?! Se o Governo está morto porque sucumbiu perante tal tarefa, e está morta a Assembleia da República numa mesma clivagem transversal, e está em risco de morte a Presidência com os seus reptos de bloqueio e caos, é porque toda a dinâmica politiqueira habitual não resolve problemas urgentes nem desemaranha crises gravíssimas. Há que restaurar as condições de governabilidade não só ao Governo como à própria maioria na Assembleia da República, dar fôlego ao Regime que desmorona, fazer o que urge, viabilizar o Estado Português.
Não sei se o eleitorado geriátrico português algum dia perdoará ao PS não apenas os aventureirismos ultradívida mas também o mais que provável e próximo lavar de mãos sob um cínico calculismo eleitoral.
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