NÍTIDO ÁLVARO DE CAMPOS EM DOMVS LIA
«Ode Triunfal», «Tabacaria»
e dezenas de poemas mais,
naquela noite longa e excitante,
em que os nossos olhares
enleados, intensos,
se cruzavam,
e aquela mulher paranóica e brilhante
partilhava o seu génio, a sua intimidade
na sua escrita ousada,
e dezenas de poemas mais,
naquela noite longa e excitante,
em que os nossos olhares
enleados, intensos,
se cruzavam,
e aquela mulher paranóica e brilhante
partilhava o seu génio, a sua intimidade
na sua escrita ousada,
inteligente,
a «Ode» e dezenas de poemas mais
eu os declamava sucessivos cheio de prazer e paixão.
Garrafa e meia depois,
em domvs Lia, tudo estava desfocado, fosco, baço para mim,
menos o texto [meu Deus, que prazer aqueles versos vibrando na agudeza dos meus sentidos, retinindo em eco no meu espírito na mais completa identificação, «Poema em Linha Recta»!
«Poema em Linha Recta»! Poema em Linha Recta»!]
«Poema em Linha Recta»! Poema em Linha Recta»!]
era, ainda e sempre, a poesia a inebriar-me.
Seria a possessão do whiskey que me fazia dizer e redizer,
verso a verso,
aquele Campos delicioso todo?
Seria aquele ardor no coração,
aquela alegria completa da palavra certeira,
da inflexão oportuna, da dicção e do ritmo exigidos por cada frase?
Eras tu, minha mulher!
Éramos nós!
Era a hora da paixão amorosa que irrompia!
Pois tal hora dura igual!
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