PIRATARIA













Se se pretendia sacudir quem está a mais
no sistema português de ensino,
depois de anos de abundância de oferta e absorção,
abanando o mais possível a árvore dele
com medidas que tornam hoje profundamente desatractiva,
por sobrecarregada e burocratizada, a profissão docente,
é bom que se saiba de igual modo que o efeito será prevalecer
e agudizar-se a mediocridade,
isto é, aquele espírito des-empenhado,
in-diferente e sem causas,
sem, no fundo, a mais-valia do desencadear de paixões indeléveis
de que se faz o mérito,
de que sempre se fez a Escola.

Mas isto serão os frutos a médio prazo de uma política ministerial pirata
que tratou e trata os docentes como coisas de reboleta e números ao pontapé,
afinal desprezíveis, só visíveis sob o ponto de vista da má-fé.
Reforme-se como se reformar o sistema,
agora o tempo é o de serem os professores escravos consumados,
domados nos estatutos da carreira,
na esmagadora maioria
entalados nas aspirações entre nada e coisa nenhuma.

Certas navalhas orçamentais,
aliás elogiadas por economistas e ex-ministros & Cunha,
- gente de sofisma anti-docente -,
corresponderão indubitavelmente
a tiros no escuro e no pé,
a tiros na boca-limite suicidária,
no que à motivação
para contar para alguma coisa diga respeito,
no que a melhores resultados diga respeito.

O desânimo grassa.
A estocada final é só uma questão de tempo.

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