REVOLUBLOGAÇÃO


A cada dia a sua luz,
as migalhas, o pouco, a saúde e o sorriso,
a cada dia a sua luz.

Fira-nos embora o olhar-facalhão,
a trincha-talhante dos que se incomodam
que existamos por isto e por aquilo - não suportam desalinhados;
desinfectem-nos eles laboralmente de nós mesmos e do que representamos
por insistirmos em resistir, resistindo,
rejeitando o fatalismo da democracia totalitária,
ainda que sorridente.
A cada dia a sua luz,
luz de migalhas, de pouco, luz, mais luz a cada dia.

Governem embora, os que governam, contra nós,
espremendo-nos entre a unha e a unha
como boas e populares pulgas,
queiram-nos produtivos rebarbáveis,
servis e obedientes,
terão de suportar-nos o «NÃO»,
terão de suportar que os vejamos tais quais são: mentirosos, manipuladores compulsivos,
terão de suportar este nosso avesso aos discursos e à imagem politicosa,
sabendo, como sabemos, que não há nem discurso nem ideário
porque a PESSOA HUMANA desapareceu dele,
a não ser o ideário da limpeza das contas,
a não ser qualquer coisa misteriosa e inefável como «mais riqueza»,
«maior produtividade» e fiquemos por aqui.

Em Portugal há esse desprezo pelo Povo,
esse olhar condescendente para com ele,
como se nada restasse senão ser ele desprezado
no seu primarismo automóvel,
na sua preguiça tecnológica...
na sua sinistralidade no dia-a-dia laboral de Empresa Pública negligenciada:
«Quando é que esta gente pára de morrer
de morte naufragada ou morte derrocada,
comprometendo os números de esta governação cheia de pulso?»

Há só um caminho: a revolução da democracia,
a democratização da democracia,
torná-la imediata,
torná-la directa,
torná-la inteira,
garrotear a plutocracia em vigor
e enforcá-la no seu egoísmo de nojo,
não haver em Portugal gente como Paul Newman!

Revolublogação - dar as cordas e as nozes a quem tem dedos e dentes -
corroer já e em força a espessa mentira
que rege esses sorrisos politicamente correctos,
que inspira essas fachadas de firmeza,
que motiva esse conluio com os cada vez mais ricos.

Estou farto de migalhas e de pouco!
Paguem-nos como na Califórnia, ora o diabo!
Paguem-nos como em Madrid ou em Berlim,
como em Londres e Paris,
não trabalhamos menos cá que eles lá,
portanto, paguem-nos ou vão-se foder,

se não nos pagarem!

Que merda!

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