ANGOLA: É MODA MATAR PORTUGUESES
Qualquer português capaz de sintetizar um relato acerca da vida angolana, por lá viver e trabalhar, especialmente em Luanda, não foge de três pontos obrigatórios de observação habitual: 1. O angolano novo-rico, serventuário do Regime, é tipicamente preconceituoso e ressentido em relação aos portugueses. 2. Qualquer conversa onde as questões e preferências portuguesas sejam arroladas por um português, na rua, na loja, num Hotel, terá de imediato a rude censura bota-abaixista do angolano novo-rico. 2. O angolano novo-rico, rico por causa do Regime, trata o outro angolano comum, motorista, varredor de ruas, abaixo de cão. Tanto preconceito e ressentimento desagua naturalmente em mortes pontuais, habituais, de portugueses, por rivalidade, por dinheiro ou qualquer outra razão. Continua a ser interessante trabalhar lá? Continua. O bem é discreto e silencioso, nas relações humanas, nos casamentos, na confiança. O crime e a morte são sempre ruidosos sob a megafonia do horror. Quem anda à chuva, molha-se: «O empresário luso-angolano Rui Câmara e Sousa, assassinado no Lobito, em Angola, na noite de segunda-feira, terá sido executado à ordem de um rival num negócio ligado ao sector do turismo e do imobiliário. Esta é a principal suspeita da polícia local, que está a investigar mais uma morte de um português naquele país. Um oficial do Exército angolano é um dos suspeitos de ser o mandante do crime.» Público
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