ESTA NOITE, ESTAREI DESEMPREGADO

Estou absolutamente conformado com o cenário que me espera ainda hoje. Desemprego. Não é pessimismo. Não é negativismo. Não é. Estou simplesmente convencido de que, três anos depois de um período de dois anos intermitentemente desempregado do Ensino Público, dois concursos sem sorte, coisas aleatórias que por vezes correm mal nesta lotaria concursal, sei lá, voltarei a figurar entre os desempregados do País. Procuro sossegar-me. Dar música à minha ansiedade. Fazê-la mortiça. Há um lado mau e um lado bom. O lado mau é que terei de robustecer a minha cerviz, endurecendo ainda mais a minha couraça social e familiar, o que não é tarefa fácil: até o meu Pároco me atirou uma boca ponteaguda, no auge do meu coitado  e involuntário estatuto de desempregado. O lado bom é que não ter trabalho no Ensino, miseravelmente, sai muito mais barato e rentável do que, dia a dia, ir cumprir fiel e obedientemente com os deveres profissionais. Entre deslocações e alimentação, vai-se o mísero rendimento que miseravelmente, repito, miseravelmente!, um professor contratado pode levar para casa. Poderei, assim, esta noite, algures, passar a ser, de novo, mais um desses a contribuir activamente para que os custos com vencimentos saiam mais barato ao Estado Português, na cínica ventura de ironicamente a coisa também me sair mais barata a mim.

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