MARGARIDA REBELO PINTO NO OLHO DO FURACÃO
Ó Margarida Rebelo Pinto, minha tola, depois de este teu depoimento de zeloso ciúme das gordinhas impunes e populares, abriste a 17 de Setembro de 2010 uma guerra da qual não poderias sair senão esmagada. Soube que vieste pedir desculpa: elas, as guerras, tardam, mas não falham e o Facebook é o campo de batalha bem como o esplendor da hipocrisia. Sou um esbelto membro do grupo dos homens em boa forma, exercito-me todos os dias, e vejo minuto a minuto diminuir a minha leve barriga de cerveja, normal e estatutária num quarentão, mas tenho de me vir em defesa da mulher obesa. A mulher obesa é e será sempre Mulher, Gente, Pessoa, Amiga, com ou sem bebedeiras, com ou sem xixis de pernas abertas em becos esconsos no Bairro Alto, com ou sem faladura de sexo à mesa ou ao sofá, com ou sem apontar o dedo às suas amigas magras, dizendo ou não dizendo palavrões, gostando ou não gostando de beber uns copos, indo ou deixando de ir para a cama com os seus amigos, nem que só para dormir, mesmo depois de terem bebido sete vodkas. E tenho de dar razão a quantos e quantas supõem que um texto desses só se explica pela extrema e dolorosa dificuldade em ser levada para a cama, Margarida, mesmo depois de sete vodkas ou então por ter sido preterida em favor de uma gordinha qualquer suculenta, por questões de qualidade e substância, por causa do seu humor brilhante, da sua inteligência e genialidade. Desde que nasci já me apaixonei milhentas vezes, uma delas por uma formidável, inteligentíssima e sensualíssima gordinha tal como sempre me suscitou muitas vezes vómito a frivolidade de tanta cona miss mundial, seca, oca, destituída de espírito. Talvez o teu artigo seja um fantástico hino à inveja, uma ode à própria confissão de vácuo, impotência e solidão. Viúva na alma, mas sobretudo no corpo, por que não vazar nas gordas tamanha fome e sede de penetração, de qualquer coisa que te vare e vareje e não desapareça ou fuja logo a seguir?!. Só há alegria e amizade nesta vida estando nós com aqueles a quem dizemos o que nos apetece, com quem se pode rir e chorar, falar de sexo, da vida, da doença, da morte, de amor, de asco. Há efectivamente mulheres de peso. Não é o teu caso. Outros já o explicaram, e bem, eu por mim garanto-te que não é por causa das gordinhas populares e indugenciadas por todos que não tens um garanhão como eu, habitual, todos os dias e a todas as horas, levando-te ao nono céu, fazendo o peso certo sobre os teus quadris ou pressionando púbica [de púbis, não vás pensar que é gralha] e deliciosamente as tuas nádegas, agarrando e manipulando os teus seios com convicta sofreguidão. Se não dás fome a ninguém ou a quem desejas que te coma, a culpa só pode ser tua. Toda tua. Tinhas de debitar essa conta noutra e, pior, categorizá-la de gordinha?! Vá lá, ainda é possível ser feliz, apesar de tanta tareia.
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