COMO UM SUPER-SALAZAR


1. Depois da entrevista de ontem, em grande estilo hard talk do Gomes & Gosta, na SIC, sinto-me um Fax domingueiro nas mãos do PM. Sinto e pressinto que todo o povo português é um Fax domingueiro nas mãos 'determinadas' do PM numa espécie de licenciatura pífia em coisa nenhuma. Desde o início da legislatura que preocupações concentracionárias e aglutinadoras de dirigismo económico, numa reedição moderna de o Estado c'est Socrates, enformam o perfil e a acção de administrativo/CEO do Portugal SA que há na cabeça do PM. Ao contrário do Arrebenta, segui as minudências completas da entrevista de ontem, mesmo as subtilezas mais subtis. O PM não resiste à Realidade que alguém escreveu ser hoje a verdadeira, única e imaterial Líder da Oposição, capaz de aterrorizar com o único terror um tal Ego Descomunal. Basta um microssegundo de entrevista para ilustrar toda uma tese sobre o carácter e a competência em faxes domigueiros que, à última da hora, dão em Licenciaturas-Relâmpago: em verdade, o PM considera que boa parte do tecido das pequenas e medias empresas português não se modernizou e precisa de ser 'substituído'. Como? Por quem? Ora aí é que está. A resposta está numa casta de políticos empreendedores que anda de olhos postos e de favores feitos com a Nata do Empresariado Globalizado mais bem sucedido em Portugal nem é preciso dizer quem. Gente que está na primeira linha das ajudas e das iniciativas estatais que só lhes chega a eles, enquanto na verdade o grosso nem vê chegar-lhes o crédito normal nem as linhas de crédito abertas pelo Governo, particularmente selectivo tendo em conta um duplo critério - por um lado um empresariado político de confiança poítica e convenientemente politizado, por outro, caladinho e conivente, modernizado, reconvertido e talvez globalizável. Assim é fácil. Sócrates detém um poder incomensurável e na mais despudorada prática providencial e incorporação espírita acumula as pastas da Educação [que tranforma em Faxes domingueiros a 'avaliação' e o ECD], da Agricultura [e trava os 800 milhões de euros provenientes da Europa numa aritmética de compasso de espera ainda muito mal explicada], das Obras Públicas [e protege os Empreiteiros e as Empreitadas TGV/Novo Aeroporto que nos vão comer de cebolada] e pode dizer-se por isso mesmo que é já um Super-Salazar, é o homem mais poderoso em Portugal, o que define a regra e esquadro a economia em Portugal, o dispensador de benesses e de castigos, o que acolhe Chávez e bane e castra os Cérebros Incómodos que lhe contrariam as ilusões. Com tantos sonhos empresariais, com tanto poder restritivo da livre iniciativa e tanta dependência cultivada dos agentes económicos, como haverá nele tempo e paciência para olhar para as pessoas batidas pela miséria que se avizinha em virtude das duas Crises (a Crise internacional-conjuntural e e Crise nacional-estrutural) para fazer-lhes justiça e superar a falta de capacidade para se compadecer em corpo e alma por gente e actuar com medidas inteligentes e não faraónicas?! A Esquerda e o lado social são apenas verbos de encher na boca do PM: se o primeiro-ministro admitiu hoje pela primeira vez que Portugal poderá entrar em recessão, não se lhe ouviu uma ideia para actuar em bom tempo e boa vontade. Se as manobras dilatórias do PM são toda uma cultura, basta apreciar o que se passou assim que o Governo apresentou o Orçamento do Estado para 2009, em Setembro. Mentindo, mentindo muito, ontem o PM disse que “ninguém tinha consciência da dimensão da crise”, obliterando o facto de que na altura da aprovação do OE09, em finais de Novembro ou algures por Dezembro, também não permitiu mexer razoavelmente numa vírgula quer por iniciativa própria quer mostrando condescedência e sentido patriótico, acolhendo as boas ideias das oposições representadas no Parlamento. E quando José Sócrates promete tomar medidas para que nenhum banco ou empresa entre em falência e diz que centrará a sua prioridade no emprego, nós percebemos a sua retórica vã que transforma certas realidades prementes em meras palavras-Fax domingueiras, isto é, em nada de substancial, só mesmo formalidade e discurso. O mais grave é que quanto às divergências com Cavaco Silva, foi redutor ao ponto remeter todas as graves questões denunciadas pelo PR para a irrelevância das matérias que se devem aprender a gerir. Não havendo recuado um milímitro no espírito de um Modelo Fax domingueiro de Avaliação dos Professores, o primeiro-ministro assegurou, mentindo também, que a avaliação dos professores é mesmo para continuar, apesar de estar completamente bloqueada e suspensa, de ter da parte dos professores uma rejeição espiritual, visceral e estarem previstas novos capítulos de contestação, a qual poderá alastrar como fogo na pradaria, uma vez que o autismo político e a 'determinação' para o abismo podem ser todo um espírito de porco em quem veste Armani e calça Prada, mas não são vocação dos portugueses nem Fado de Aturar em lhes calhando abrir os olhos. A famigerada entrevista à SIC, ontem, permitiu-nos testemunhar as novas inflexões discursivas do PM que passam por reconhecer que a situação económica mundial e do país é mais grave do que esperava o seu optimismo bacoco, voltando a insistir que a consolidação orçamental assente numa carga de porrada fiscal cheia de vectores abusivos e abusivamente retroactivos e que tem sido desenvolvida devastadoramente desde 2005 deixou Portugal mais bem preparado para coisa nenhuma, mais pobre e proporcionou um crescimento económico significativo igual a zero bem como uma dívida pública brutal e desmoralizadora. E temos de chorar quando mantém a ideia da criação de 130 mil postos de trabalho necessariamente fora do País, dado o desemprego galopante e a emigração maciça qualificada, e ainda o facto de sermos o único país da Zona Euro que manteve o objectivo orçamental para 2008 (2,2 por cento) à custa de sacrifícios fiscais do mais abusivo de que há memória, empobrecimentos-relâmpago recorde, exclusões sociais e laborais pela inconveniência ideológica de estar contra tudo isto e desejar outra coisa, síndrome Charrua em todo o país, e esta esmagadora desmobilização pelo desânimo de milhões ao verem um Governo e um PM sem o dom de levar em conta as pessoas concretas, mas somente o Fax domingueiro das estatísticas contorcidas, pisadas e batidas nos Exames de Matemática ou outros índices facilitistas, manipuláveis e passados a ferro que depois levará, como um Fax domingueiro numa domingueira licenciatura-expresso, às instâncias europeias onde quer parecer bem na foto e continuar a ser elegante pisando pessoas, não olhando a meios. Não nos podia calhar na rifa melhor Super-Salazar que este PM, elitista e corporativista, amiguista e oligarca, socialmente sensível e de esquerda da boca para fora.
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2. Não será por acaso que o secretário-geral da UGT, João Proença, que, quer queira quer não, já pertence a uma fase avançada de um sindicalismo retrógrado e comprado pela agenda Plutocrata e Oligopolista a cujo serviço se prostram os Governos modernos que não seguem os conselhos de Mário Soares em matéria de Novo Paradigma, considerou hoje que a entrevista à SIC do primeiro-ministro, José Sócrates, só vem confirmar os receios quanto ao agravamento do desemprego e à crise económica, fiado na pensar na falhenta capacidade de prever do Governo e no modo como empurra com a barriga as questões sociais e do emprego com a panaceia do mega-investimento público amigo das construtoras. E acrescenta: “Esperemos que tirem daí as devidas consequências em termos de medidas relativamente aos desempregados, àqueles que têm o posto de trabalho ameaçado, no sentido de proteger melhor os trabalhadores e as suas famílias”, disse João Proença à agência Lusa, como se o conceito de protecção não estivesse prioritariamente concentrada na banca, numa empresa ou outra e depois vê-se. Misteriosamente, o secretário-geral da UGT considerou também que a entrevista do primeiro-ministro permitiu explanar posições do Governo em algumas áreas importantes, como o reforço do investimento público e privado, esquecido de que a estratégia do Governo passa por uma prática que nunca acompanha as palavras de ordem.
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3. Numa prova de grande gradualidade na transmissão das más notícias, já agora, sempre provisórias, o Banco de Portugal prevê uma contracção do Produto Interno Bruto deste ano em 0,75 por cento, antecipa o “Diário Económico” online, a pouco mais de uma hora da divulgação do Boletim de Inverno do banco central, prevista para as 15h00 de hoje. Ontem, o primeiro-ministro, José Sócrates, admitiu [como quem decreta] a entrada este ano da economia portuguesa em recessão, fundamentada nas nos erros estratégicos do governo, mas na magnífica desculpa ideal do ambiente internacional igualmente de recessão nas principais economias mundiais, citando os casos dos EUA, do Japão, da Alemanha e da Espanha, estes dois últimos países, dois dos principais mercados de exportações dos produtos fabricados em Portugal. O Boletim de Inverno antecipa, [não deve mais nada para fazer, senão antecipar e prever e falhar e rever e reformular], uma melhoria do cenário macroeconómico para o ano seguinte, admitindo um crescimento do PIB em 2010, se lhe dermos crádito, tendo em conta os péssimos previsores que por cá abundam em todas as instâncias decisórias.
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4. Claramente sem levar em linha de conta os intuitos do PM, salvificamente dirigistas e 'alavancadores' da economia, mediante forte endividamente externo com o previsto investimento 'público', insistido e resistido pelo PM, anuncia-se que a economia portuguesa deverá cair este ano 0,8 por cento, devido à contracção das exportações e do investimento privado, anunciou o Banco de Portugal no Boletim de Inverno divulgado hoje. Futurologizando despudoradamente como quem injecta futurologizante morfina, dentro do imprevisível de tudo para todos, mais se acrescenta que as componentes do Produto Interno Bruto responsáveis pela recessão deste ano, as exportações e o investimento privado, serão as mesmas variáveis que irão permitir um ligeiro crescimento de 0,3 por cento em 2010, observa ainda o banco central. As exportações e o investimento deverão diminuir 3,6 e 1,7 por cento este ano e recuperar para um crescimento de 1,8 por cento e uma ligeira diminuição de 0,3 por cento no ano seguinte. Decididamente, o Banco de Portugal anda por aí, tal como o PM em Veneza, a soltar a franga.
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5. Confirmando que nada está acima do sigilo putrefacto e da supervisão mais nula, sintomaticamente o Banco de Portugal e o Banco Português de Negócios, entre outras entidades, recusaram-se a enviar documentação pedida pela comissão parlamentar de inquérito à nacionalização do BPN, alegando a treta [à maneira das tretas em cascata a que nos habituou Dias Loureiro-Sabi-Nada] do segredo profissional e sigilo bancário. Profundamente triste e desmazelante para não dizer desmobilizadora, esta informação foi transmitida hoje aos deputados da Comissão de Inquérito Parlamentar à Nacionalização do BPN pela presidente da Comissão, Maria de Belém Roseira, durante a terceira reunião, que decorreu na manhã de hoje na Assembleia da República. Num primeiro ofício enviado ao Banco de Portugal (BdP), os deputados solicitavam, entre outra documentação, as actas do conselho de administração do BdP que referem as práticas financeiras do BPN e da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), troca de correspondência entre o BdP e as empresas de auditoria Deloitte Portugal e Ernst&Young relativa ao BPN, bem como todos os relatórios de rotina sobre o BPN realizados pelo banco central, mas todas estas entidades aos custumes disseram nada. Estamos esclarecidos no que ao valor do Parlamento concerne no conceito de esta gente e no que toca à tal transparência, conceito que se aplica ao cidadão comum que, de tanto esmifrado e esmagado por todos os lados, fica transparente e diáfano como um pequeno e árido aquário.

Comments

Anonymous said…
Muito bem! Pode ser que os portugueses abram os olhos e tirem a maioria absoluta a este arrogante, que de resto qualificou esse cenário como "irrealista, e eu não falo sobre cenários irrealistas".

De resto é evidente que o líder da oposição é de facto a realidade em que vivemos nos dias que correm: exclusão social, desemprego, insegurança, um novo Código de Processo Penal que protege os infractores (terá o Paulo Pedroso alguma coisa a ver com isto?), a total imoralidade relacionada com a banca, a promiscuidade relacional entre o poder político e o sector privado, a corrupção, etc. etc. etc.

Talvez por saber muito bem que a realidade é neste momento o seu pior inimigo, Sócrates venha agora falar na possibilidade de eleições antecipadas, sem dúvida por saber que vêm aí tempos horríveis e na esperança de sancionar mais um mandato legislativo antes que ocorra o apodrecimento total.

Pois eu digo, este governo está podre desde que tomou posse, e está na altura de tirar do poder esta direita empedernida sob o manto de uma esquerda hipócrita.

Sócrates, rua!
Blondewithaphd said…
Aí homem-fax que estavas inspirado (should I say irado?). E duvidas que o processador de faxes não vá ficando por aqui?
Tiago R Cardoso said…
eu estou de rastos com isto tudo, volto mais logo numa forma mais politica.
Daniel Santos said…
mas olha que teve alturas que ele foi entalado e bem entalado.

O refugio dele foi trazendo o discurso pré-formatado do regime.

Até quando lhe perguntaram por Alegre ele consegui falar das virtudes deste governo e suas obras.

Começou tremido e aos poucos acabou dominado a situação.

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