GAZA OU DE PROFUNDIS


1. Num claro sinal de demarcação em relação ao discurso flácido dos países do Ocidente, sobretudo a França, a nova presidência Checa de o Conselho da União Europeia, pela voz do primeiro-ministro da República, Mirek Topolánek, ousou dizer a heresia do politicamente correcto e do jamais hostilizar o mundo islâmico que a ofensiva de Israel por terra na Faixa de Gaza era defensiva e não ofensiva: “Neste momento, na perspectiva dos últimos dias, entendemos que este passo é uma acção defensiva e não ofensiva”, disse Jiri Potuznik, porta-voz da presidência checa da União Europeia. E não se pense que brincam as lideranças de estes países, República Checa, Polónia ou outros de Leste. Em matéria de perspectivação do mundo islâmico em geral não há nem pode haver da parte de estes países a mínima contemplação com uma cultura que olha a Europa como presa e o avanço emigro-demográfico pela Europa como arma de suplantação gradual, fazendo o que Israel tem feito na Palestina pelas armas, enquanto os palestinianos se reproduzem fazendo de cada filho um míssil, um colete armadilhado, uma bala que suplante pelo número e pelo amor da morte martirial o opressor sionista. Se é verdade que o ministro checo dos Negócios Estrangeiros, Karel Schwarzenberg, encabeçará uma delegação que vai até à região no Domingo e que a presidência vai esperar para ver os resultados da visita, podemos esperar sobretudo grandes pancadinhas nas costas e apoio tácito a Israel, manobras de bloqueio de quaiquer sanções ou de medidas contra Israel Ocupante e agora a avançar no terreno. Ainda que Israel tenha no seu seio muitos sectores moderados bem sensíveis às dimensões humanitárias da questão palestiniana, o projecto de expansão e domínio sobre todo o território da Palestina não é abdicável por parte da linha ultra-ortodoxa para quem a Fé Judaica é indissociável da posse e controlo da velha toponínima e do outrora domínio sobre totalidade daquele velho território ancestral. Do lado Palestiniano há um raciocínio similar por reacção à usurpação israelita de 1948. Entre a aniquilação recíproca e o prevalecer dos Judeus, a escolha foi feita imediatamente no início de este processo e não poderá retroceder. Israel pode bem arrostar com o estigma de se transformar, apesar da democracia, das liberdades fundamentais e dos direitos das mulheres, num estado pária pelos crimes continuados de usurpação metódica de um território e da vida de um outro povo. O Velho Testamento Mosaico está aí num remake moderno em que a Arca da Aliança é a Superioridade Completa e Total de Meios e o Desígnio Divino a que a célebre obstinação israelita nos habituou.
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2. A decadente Europa manifesta-se, e bem, pela sorte da Faixa de Gaza, mas notemos que estas mobilizações hipócritas e mediáticas não têm a mesma intensidade quando se trata de repudiar as injustiças e as perseguições perpetradas nos mais diversos contextos mundiais, Bali?, Sharm El Sheikh? Bombaim?, que vão vitimando europeus e outros indivíduos tomados pela sua proveniência, cultura e cor de pele nesses mega-atentados para os quais a memória europeia é sempre curta na proporção da sua decadência cristã-identitária e desprezo natalista. Para haver uma lógica e uma consequência nestas manifestações de europeus exaltados com Israel seria necessário que igualmente se mobilizassem a cada crime de honra que elimina mulheres muçulmanas em território europeu que se apaixonaram por europeus. Desconfio de estas manifestações porque era com manifestações destas que o Bloco Comunista patrocinava movimentos pseudo-pacifistas que por sua vez procuravam intimidar e acuar o militarismo dissuasor na Europa. Por isso, para mim estes milhares de pessoas que se manifestaram hoje nas principais cidades europeias contra os ataques de Israel à Faixa de Gaza podem estar a cegar de um dos olhos. E não me comove que em Paris mais de vinte mil pessoas tenham pedido o fim das hostilidades e das sanções implementadas pelos israelitas. Nos cartazes na capital francesa estava escrito: “Nós somos todos palestinianos, Israel assassino” ou “Gaza, Gaza, estamos todos contigo”. Acho deveras tocante e comovente, mas ainda tenho bem nítidos no espírito a frieza dos atentados do onze de Março, em Espanha, do que significa ceder a chantagens e do que me distancia e diferencia de uma cultura que faz da mulher menos que nada e da repressão da liberdade de opinião e de religião um modo de vida... religioso. «De profundis clamavi ad te, Domine; Domine, exaudi vocem meam».

Comments

Anonymous said…
mas...as crianças JOSHUA!...nem futuro haverá para mudar a ordem das coisas Estamos em estado-sentido...e sentados como Ghandi! Incapazes!
Anonymous said…
Nem todos os palestinianos são terroristas, mas com o HAMAS negoceia-se o quê?

Eu, aqui, estou contigo Joshua.
Aqueles "barbudos" que ainda vivem na Idade Média e insistem em recriar o Califado, se lhes dessem oportunidade mandavam matar os 20.000 que em Paris se manifestaram a seu favor.

E, para que não restem dúvidas, lá estão as prédicas dos radicais nas mesquitas. Algumas pagas com dinheiro nosso.

Quer isto dizer que sou um incondicional de Israel? Não. Antes pelo contrário.

Se fosse cínico, diria que Israel está a fazer parte do trabalho sujo que o Ocidente se recusa a fazer. Mais nada.
Baka Kelana said…
Hopefully hostilities and the slaughter in Gaza quickly ended, truly a pity Palestinian people

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