AS CHEIAS DE 1967
«Mas havia prisões políticas, violência, tortura. Claro que havia. Os comunistas e, até uma dada fase, os anarco-sindicalistas eram os principais alvos. Os socialistas e os republicanos dos cafés da Baixa eram mais ou menos tolerados, ou pelo menos controlados. O que eu quero dizer é que até no uso da violência o regime era pequenino e selectivo, paroquial. E o regime nem sempre foi linear durante os seus 48 anos. Basta ver, por exemplo, que na última fase do marcelismo, desfeita a esperança de abertura, houve um claro endurecimento, até por reacção à luta armada e ao movimento estudantil. A censura foi uma constante. Neste momento estou a preparar uma investigação sobre as cheias de 1967, que foram a maior tragédia natural que se abateu sobre Lisboa depois do terramoto de 1755. Na altura, nada se pôde escrever. Morreu mais de meio milhar de pessoas em pouco mais de uma noite - e quase meio século depois não há um único livro, não há sequer um artigo científico sobre isso.» António Araújo
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Na altura falou-se que tinha sido o maior desastre de sempre na Europa e, depois calaram-se todos até hoje!!!
Inês Meneses