O caos há muito acalentado por quem fodeu com Portugal e se pôs a salvo está possivelmente mais perto. Batemos no fundo há muito tempo. Ontem, diante do Palácio de Belém, foi dia de ter vergonha. Mas todos os dias portugueses são dias para ter vergonha. O Povo, nós, todos os oprimidos e esbulhados, começamos a reagir na rua, mas esta rua é tardia. Sem nada a perder, desempregados, desvalidos, pequenos esbulhados pelo Fisco, como eu, ao longo de anos de perseguição e saque injustos e agora mais agravados ainda, podemos e devemos encher as praças todos os dias para que se punam Governos Corruptos, Governos de Aparências, Governos de Endividamento e Benesses que sorrateiramente a este abismo nos conduziram. Enchamos as praças, as vielas e as ruas da cidade para que as actuais políticas económicas da Troyka e do Diabo castrem outros que não os pequenos. Mas ninguém se engane. Há ex-agentes, ex-actores políticos demasiado interessados no caos, na confusão e no desastre institucional, queda do Governo, exoneração de eleitos, para melhor se ilibarem de terem roubado e danado a sustentabilidade de Portugal, quando eram eles a Sorver o Estado Português em Benefíco Próprio. Quem decidiu contra nós no passado está aflito, mesmo tendo este Governo como lento renegociador de quantos contratos ruinosos havia. Reagir somente à TSU é pouco. É preciso que reajamos contra todos os ladrões que passam impunes e até recompensados por terem sido nada mais que ladrões lustrosos e retóricos, decisores danosos dos interesses gerais. É preciso responsabilizar não apenas os impotentes do Presente, mas os Intrujões do Passado recente.
A isso há-de conduzir a energia reprimida até aqui e que se vai soltando à medida em que o nosso problema de empobrecimento fatal e galopante se colocar inexorável, à prova da moção espontânea da rua, conforme se coloca, dentro de cada um de nós. Ir à rua com os filhos é pouco. Importa que levemos os nossos idosos e também os nossos animais de estimação: todos devem poder insultar, execrar e abominar parte da classe que dormiu na forma, que se isentou de nos procurar, consultar para decidir por amor e em serviço das gentes. Os que apostaram em enriquecer pessoalmente enquanto nos enganavam e os que hoje nos enganam com o intuito de nos salvarem da bancarrota não mais podem ter a vida facilitada por igual. Temos de rejeitar o discurso da desresponsabilização dos governantes passados porque o buraco de miséria que eles cavaram para nós está aí. É uma obra com mais de uma década, obra precipitada pelo socratismo e não é à toa que os socratistas, hoje colados à extrema-esquerda das pedras atiradas e das montras partidas, procuram a todo o transe colar-se ao extremismo do protesto que melhor os camufle de culpas. Roubou-se tremendamente no passado. Hoje, os Governos Europeus querem equilibrar as contas rapidamente porque tempo é dinheiro e menos juros. Pode ser transversal a nossa rejeição da imoralidade, da injustiça, da nula equidade patente nas decisões dos Tecnocratas da Finança em Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Irlanda, mas se hoje somos esfolados vivos, se hoje se perpetra o roubo aos trabalhadores a favor da liquidez das empresas, esse é um fruto amargo cuja semente foi lançada à terra há meia dúzia de anos. Ainda que seja tarde de mais, o nosso lugar é na rua. Sempre foi.
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